Os dados contidos em currículos ajudam, mas não dizem muita coisa para o empresário que precisa selecionar um profissional para uma vaga de emprego é preciso entrar em contato direto com o candidato. Contudo, conduzir uma entrevista não se resume a fazer algumas perguntas aleatórias e depois escolher quem se saiu melhor. Planejamento rigoroso e uma série de técnicas fazem parte do processo seletivo.
Imagine a seguinte situação: o diretor de uma empresa solicita que seja contratada uma nova secretária. A pessoa que ficou responsável pela seleção inicia o processo de análise de currículos, chama algumas moças para entrevista, considera vários aspectos e habilidades que julga importante para que a função seja bem desenvolvida e contrata alguém. Já no primeiro dia de trabalho o chefe pede para que a nova secretária prepare um cafezinho, detalhe que não havia sido combinado no contrato. E a contratação vai por água abaixo.
Essa simples situação, contada por Arlete Zagonel Galperin, consultora em gestão de pessoas e diretora da ZHZ Consultores, exemplifica bem a importância de se conhecer a fundo as características do novo contratado e da vaga para a qual ele se candidatou. Qualquer detalhe esquecido ou que não recebeu a devida atenção pode fazer com que todo o processo seletivo seja perdido.
Ela diz que o responsável pela seleção deve procurar saber o nível de conhecimento e instrução do entrevistado e principalmente estar disposto a ouvi-lo sem preconceitos. "Adequar o nível da pergunta à vaga e à escolaridade. Estar atento à cultura do candidato", sugere. O recrutador deve estar atento à própria postura e verificar se está sendo neutro, não está fazendo julgamentos ou críticas. No caso de conduzir a conversa para um nível mais pessoal, o entrevistador precisa considerar alguns limites. Na maioria das vezes, é melhor somente perguntar sobre assuntos que possam contribuir com o processo e sempre garantir sigilo sobre as informações prestadas. Mantendo esse cuidado, questões familiares e sociais podem ser úteis. "Os momentos pessoais, familiares, de lazer dizem como a pessoa funciona. Participar de um grupo qualquer mostra sua sociabilidade", explica Arlete.
Os aspectos não verbais também devem ser considerados, como gestos e movimentos. O nervosismo é uma constante nas entrevistas de empregos, mas deve acabar assim que o clima se tornar mais descontraído. Se o nervosismo e a dificuldade persistirem, o interessado pode não se sair bem em funções que exijam capacidade de relacionamento e comunicação.
O entrevistador também deve ter em mente que tipo de informações ele precisa conseguir do candidato. Segundo Maria Alice Mota, psicóloga e especialista em seleções e avaliações, o foco deve ser por competências, ou seja, as habilidades necessárias para a vaga. "O desempenho passado constitui o melhor indicador do desempenho futuro. As perguntas são a fim de investigar o comportamento passado do candidato em situações específicas", explica Maria Alice.
No desenvolvimento da conversa, é bom sempre dar oportunidade para o candidato falar sobre suas experiências profissionais, com destaque para os resultados alcançados. Por fim, nunca deixá-lo sair sem ter uma perspectiva deve-se informar os próximos passos do processo e como ele se saiu. Esse também é o momento para deixar o candidato fazer perguntas e tirar dúvidas sobre a vaga e a empresa.