Experiência
Empresa curitibana esbarra na questão do modelo de negócios
Da Redação
A startup curitibana Urbanauts é um exemplo de investimento independente por parte de seus fundadores. O empreendimento aposta na criação de um aplicativo para celulares no qual os usuários poderão compartilhar fotos e vídeos de viagens, além de trocar experiências sobre os passeios.
O investimento inicial partiu única e exclusivamente dos quatro fundadores da startup. Na primeira fase de desenvolvimento do projeto, eles investiram R$ 50 mil de seus próprios bolsos. Saulo Marti, um dos sócios, alega que é difícil encontrar um bom investidor no Brasil, por que as empresas ainda se prendem muito a projetos que tenham claro um modelo de negócios. "O nosso empreendimento se baseia principalmente no que chamamos de user experience. Mais do que um modelo, nós dependemos de uma base de usuários", explica, apostando no exemplo de startups como o Instagram e Twitter.
Ele também atribui a dificuldade de parceiros ao perfil dos potenciais investidores. "Claro que se aparecer uma empresa com bom aporte financeiro nós conseguiríamos acelerar o nosso crescimento, mas mais do que isso a procura é por um mentor no mercado."
Dois dos cinco sócios um deles se uniu aos quatro fundadores saíram de seus antigos empregos na área de novos projetos na Positivo Informática para se dedicar exclusivamente ao empreendimento. Eles esperam que o negócio, que começou a ser trabalhado em janeiro de 2011, esteja disponível para os usuários em maio deste ano.
Colaborou Pedro Brodbeck, especial para a Gazeta do Povo.
Os brasileiros que fundam startups novíssimas empresas que apostam em negócios de risco, frequentemente na área de tecnologia vivem o sonho de se transformarem em Mark Zuckerberg, o fundador do Facebook que, aos 27 anos, comanda uma rede social avaliada em US$ 100 bilhões. Mas esses mesmos jovens se defrontam a cada dia com o despreparo e a falta de recursos para a expansão dos negócios. Sonham erguer impérios, mas penam para atrair capital. As conclusões são de uma recente pesquisa on-line feita com 165 startups nacionais.
De acordo com a consultoria Luz Geração Empreendedora, que conduziu o estudo, 43% dos empreendedores que responderam às perguntas acham que seu negócio nasceu para valer milhões em pouco tempo. A independência está no florescimento de jovens empresas que nasceram sem o empurrão de incubadoras ou aceleradoras: no universo alcançado pela pesquisa, 73% das companhias se enquadraram nesta categoria. "O percentual é alto e mostra que existe um movimento empreendedor que está extrapolando os limites das incubadoras, uma prova de que o brasileiro já vê o empreendedorismo como opção de vida, mesmo quando não há incentivo. Há cinco anos, quase todas saíam de incubadoras", observou Daniel Pereira, sócio-diretor da Luz, acrescentando que, em 58% das empresas, o fundador informou se dedicar exclusivamente à startup. "O empreendedor está mais confiante no sucesso do negócio, abandonando o seu emprego para viver em tempo integral sua start-up."
Em 2009, depois que a crise financeira deprimiu a Europa, o sociólogo Thiago Fontes decidiu deixar em Londres uma carreira de cinco anos na área de desenvolvimento de produtos nesse tempo, teve como clientes gigantes como Unilever e Coca-Cola e voltar ao Brasil. Na semana que passou, aos 29 anos, ele lançou o resultado desta aposta: a Kioos, uma plataforma para ajudar portais de internet a engajar seus usuários por meio do conceito de "gameficação" (que envolve ferramentas como sistema de reputação, compartilhamento em redes sociais e jogos sociais).
A empresa foi desenvolvida com o sócio Alessandro Giannone, que conheceu em Londres, onde ele era gerente da companhia de tecnologia Accenture. Os dois dedicam todo seu tempo à startup e não contaram com apoio externo para a criação do negócio. Eles tampouco buscam investimento-anjo, pois desejam antes conhecer melhor o mercado e preferem não diluir sua participação acionária tão cedo. "Dependendo do estágio em que você está, a incubadora é extremamente útil. Mas nós dois já tínhamos quebrado bastante a cara na vida e achávamos que a melhor maneira de aprender a tocar uma start-up era criando uma startup", afirmou Fontes, que diz já ter três empresas como clientes durante a fase de testes.
Roberto Riccio, 23 anos, acaba de lançar com um sócio um site que agrega opiniões de internautas sobre lugares e estabelecimentos do Rio, o Glio.com (ainda exclusivo para convidados). Ele diz ter investido com o colega R$ 35 mil próprios, mas ainda não conseguiram os mais de R$ 200 mil que cobiçam de algum investidor-anjo. O dinheiro é necessário porque o site ainda não tem fonte de receitas. Mas Riccio, que acha que o negócio tem chances de se tornar milionário em breve, não se mostra muito preocupado. "É legal ter oportunidade de retorno financeiro, mas o trabalho no cotidiano de uma startup, a chance de fazer a diferença e ter controle sobre sua vida profissional são muito mais recompensadores", disse Riccio, que já havia criado um site sobre pôquer on-line, paixão que abandonou para concluir o curso de Administração na PUC-Rio e abrir a empresa.
Rodrigo Carvalho, coordenador do curso de Economia Criativa da ESPM-RJ, acha que o percentual de empresas sem financiamento encontrado pela pesquisa está muito aquém da realidade. Em sua avaliação, cerca de 70% das start-ups não conseguem capital. E o grande motivo não é falta de dinheiro. "O que falta, de verdade, são bons projetos. A fase de escassez de recursos já foi superada. Hoje, há diversos fundos de investimento interessados em startups. Até o BNDES tem um um, o Creditec, com patrimônio de R$ 100 milhões", disse Carvalho, que criticou a abrangência limitada e a metodologia da pesquisa.
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