De tão falada e alardeada, a sustentabilidade pode parecer apenas uma ferramenta de marketing de empresas em busca de uma boa imagem na praça. Ainda que isso possa ser verdade para algumas companhias, o amadurecimento da ideia de que é preciso se preocupar com o social e o meio ambiente começa a aparecer em forma de atitudes no dia a dia do mundo corporativo, inclusive no momento da contratação de jovens profissionais.
O presidente da Volvo Construction Equipments, braço da Volvo para equipamentos de construção, Yoshio Kawakami, cita um exemplo. No ano passado, um grupo de jovens da empresa teve a ideia de construir um estande totalmente sustentável para a M&T Expo, maior feira de equipamentos para construção da América Latina, realizada em São Paulo. "A iniciativa foi um sucesso", afirma. Os profissionais entraram em contato com uma empresa de certificação de selo verde e o estande seguiu todas as normas de construção sustentáveis. "Um jovem que traz esse tipo de ideia, com uma proposta que projeta o conceito e os valores da empresa, sem dúvida faz parte do grupo de talentos que a gente busca", diz Kawakami.
Capacitação
Pensando na preparação desses "talentos verdes", nasceu em Curitiba a OpenLab, uma ONG criada em cooperação com o Instituto das Nações Unidas para Treinamento e Pesquisa (Unitar). Em fevereiro do próximo ano, a instituição lançará o programa Open Dojô, uma oportunidade para jovens que querem entrar no mercado de trabalho com maior conhecimento de práticas sustentáveis. "As competências a serem desenvolvidas acontecem na ação, com os jovens no centro do processo de pensar, perceber e agir, e não em sala de aula. É um jeito diferente de expandir o potencial criativo. Os jovens são instigados a propor soluções aplicáveis a desafios reais de inovação de organizações e sociedade", afirma Mariah Endo, diretora da OpenLab.
Além de certificado internacional pela Unitar, os jovens que participarem do curso também integrarão o primeiro Banco de Talentos Verdes do país, uma iniciativa da ONG junto a empresas no país.
A própria organização já conta com jovens preocupados com o meio ambiente. Renata Aquino, de 26 anos, e Lucas Ravedutti, de 20, foram contratados para coordenar o Open Dojô. Renata é formada em Psicologia e cursa pós-graduação em Estratégia e Sustentabilidade Empresarial no FAE Centro Universitário. Ela começou a se interessar pelo tema há cerca de três anos, quando trabalhou em projetos de empreendedorismo social na Índia e na Indonésia, em intercâmbios da organização estudantil Aiesec. "Depois dessa experiência, fui procurar emprego na área de sustentabilidade e empreendedorismo. Quero ajudar as empresas a aplicar essas ideias a seus negócios", conta.
A OpenLab também fechou parcerias com universidades, como a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). "Nossos alunos estão cada vez mais atentos a essa necessidade de se pensar a sustentabilidade. A parceria busca fazer com que os estudantes reforcem essas competências e complementem a formação nessa área", explica Nicolau Afonso Barth, diretor de Relações Empresariais e Comunitárias da UTFPR - Campus Curitiba.
Para Kawakami, da Volvo, dependendo da empresa em que o jovem pretende trabalhar, a conscientização sobre o tema pode ser um fator importante para se conseguir um emprego. "Esse momento de transição entre a universidade e a realidade do mercado é o ideal para o entendimento da questão social e ambiental. Muitos dos jovens talentos em formação precisam de uma orientação mais clara nesse aspecto", afirma.
Para mais informações sobre o Open Dojô, basta acessar o site do programa.