Segundo um levantamento da Associação Brasileira das Agências de Intercâmbio (Belta), a Irlanda foi o quarto país mais procurado por intercambistas brasileiros em 2016. Qualidade de vida, segurança, localização e a possibilidade de combinar trabalho e estudo estão entre os aspectos que motivam essa escolha e não é de hoje que a ilha está entre as favoritas.
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O Censo 2016 mostrou que 17% dos residentes do país europeu não são irlandeses e que os brasileiros são a segunda nacionalidade que mais cresce, atrás apenas dos romenos. Andando pelas ruas da capital, Dublin, não é difícil encontrar estrangeiros como Juliana Pereira, que deixou o Brasil para estudar inglês e trabalhar. Apesar do grande choque cultural inicial, hoje, seis meses depois, ela está empregada e se sente em casa.
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“Com muito planejamento e estudo sobre a cidade em que iríamos morar, a chegada foi tranquila”, conta a brasileira, que foi viver a aventura do outro lado do Atlântico com o namorado. No Brasil, ela trabalhava na área financeira de uma empresa de logística e complementava a renda como manicure e diz que, na hora de procurar um emprego, percebeu que a concorrência na cidade é maior, mas isso não a prejudicou. “Eu consegui um emprego aqui com duas semanas e, desde de então, estou sempre trabalhando”.
Permissão de trabalho foi modificada em 2016
O visto de estudante de inglês que inclui a permissão de trabalho (Stamp 2), o mais popular e aquele em que Juliana e milhares de outros intercambistas se enquadram, foi modificado recentemente. Desde janeiro de 2016, a autorização é para seis meses de aulas, que podem ser aliadas com 20 horas semanais de trabalho, e mais dois meses livres, em que o intercambista pode trabalhar em período integral. Antes disso, a autorização era de doze meses.
Para que a permissão de trabalho seja concedida, é preciso apresentar comprovante de matrícula em um curso com pelo menos 25 semanas de duração e o de depósito de € 3 mil em uma conta corrente, explica o coordenador da Belta no Paraná e Santa Catarina, Alexandre Argenta. Os dois meses de férias do curso também precisam se enquadrar em um período específico para que o estudante possa trabalhar em tempo integral: no verão europeu ou de 15 de dezembro a 15 de janeiro. Além da alta temporada para o turismo, nessas épocas as universidades e escolas estão em férias.
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“Como esse visto se popularizou no mundo inteiro, o governo começou a dar uma afunilada na imigração para regular o mercado de trabalho”, aponta Argenta, que acredita que o país continua sendo um bom destino. “Ainda é uma boa opção pelo custo benefício e, mesmo trabalhando menos horas, as pessoas ainda conseguem emprego”.
“O sonho de todo mundo é sair daqui e trabalhar na mesma área, mas sem o idioma não tem como”, acrescenta Argenta. Quem vai para aprender inglês, normalmente encontra oportunidades de trabalho em restaurantes, hotéis, bares ou na área limpeza. “Mesmo nesses empregos de menor qualificação, o salário é o suficiente para se manter e fazer viagens pela Europa”.
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É o caso de Ticiane Turcato que trabalhou como barista em uma cafeteria de Dublin e “mochilou” pelo continente por 45 dias. “Conseguir emprego lá envolve um pouco de sorte e muita força de vontade. Eu vi gente que era legal e tinha problemas e gente que arranjou com muita facilidade. Você recebe muitos nãos, mas em algum momento chega o sim”, garante.
Depois de morar na Irlanda e estudar inglês entre julho de 2015 e dezembro de 2016, hoje ela trabalha em uma agência de intercâmbio de Curitiba. “O intercâmbio fez tanta diferença para a minha vida que eu queria possibilitar que outras pessoas vivessem isso também”.
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Fazendo a vida no país dos leprechauns
Sem ter cidadania europeia, a única possibilidade de trabalhar legalmente na Irlanda, além do visto de estudo combinado com a permissão de trabalho, é sendo contratado por uma empresa irlandesa. Por isso, o intercâmbio acaba servindo como o pontapé inicial para quem quer mudar de país definitivamente, usando o fato de já estar morando no exterior como um impulso para encontrar vagas que não durem apenas dois meses.
“Vagas que exigem menos qualificação viram portas de entrada para estudantes ou aqueles que ainda não falam inglês fluentemente. Muitos amigos meus que hoje trabalham em multinacionais começaram assim”, relata Eduardo Giansante, fundador do site e-Dublin.
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Ele conquistou o que muita gente deseja. O publicitário fez as malas e foi para a Irlanda em 2008, sem falar inglês, mas com experiências em empresas renomadas internacionalmente no currículo. Quase uma década depois, ocupa o cargo de gerente global da Dropbox e mora, com a esposa e um cachorro, nos arredores de Dublin.
Giansante diz que, para quem não tem a barreira da língua, é mais fácil encontrar um emprego, já que menos pessoas concorrem pelas posições que exigem mais qualificação. “Com aquecimento dos incentivos fiscais e pós-Brexit, muitas empresas estão ampliando suas operações por aqui. Empresas como Facebook, Google, Airbnb, Apple, Amazon, estão com centenas de vagas abertas e, em alguns casos, saber português é um diferencial. Ou seja, oportunidade tem — é preciso correr atrás”.
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