As intenções de quem procura um curso de pós-graduação são várias e mudam de pessoa para pessoa, mas no geral se resumem em um melhor posicionamento no mercado de trabalho e em atualização e ampliação dos conhecimentos. Muitas pessoas querem um emprego melhor e também um salário maior. Especialistas no assunto acreditam que o curso por si só não garante isso, mas é com certeza uma carta a mais que os profissionais têm em mãos.
Para o consultor e "caçador de executivos" Hamilton Fonseca, a oferta de bons profissionais é grande e como o mercado é muito seletivo as contratações estão sendo niveladas por cima. "Seria natural que quem tem um curso de pós-graduação no currículo tivesse mais facilidade para encontrar emprego, pois agrega capacidade competitiva à pessoa, mas na prática isso não acontece", explica. Fonseca diz que o que mais importa é como o profissional trabalha. "O curso ajuda, mas o que diferencia é a atitude: perceber o ambiente, trabalhar em equipe, em um regime multifuncional e ter uma visão além do óbvio", cita o "headhunter" "caçador de cabeças", da tradução literal do inglês.
Fonseca afirma que as empresas têm dificuldade em achar pessoas assim, com uma capacidade de se antecipar às mudanças. O consultor, que também é surfista, faz uma comparação um tanto inusitada, porém esclarecedora, para ilustrar sua idéia: "É necessário ver a onda vindo e já imaginar ela na praia". O coordenador de pós-graduação da FAE Business School, professor Gilberto Oliveira Souza, também acha que um profissional com uma pós no currículo tem mais chances na competição acirrada do mercado atual. "Com toda a certeza tem, pois ele adquire melhores habilidades técnicas. Normalmente quem faz esse tipo de curso já tem uma experiência profissional e há uma troca de informações entre os alunos que enriquece o currículo de todos", conta.
Souza diz também que, na hora de disputar um emprego, as pessoas que já estudaram uma pós levam vantagem e "ganham alguns pontos na comparação com outros candidatos". Em relação à melhora no salário, o professor considera que depende muito da empresa. Para ele, algumas valorizam o aperfeiçoamento de seus empregados e refletem isso financeiramente.
A escolha do curso é fundamental
Já o consultor de recursos humanos, empresário e também headhunter Bernt Entschev acha que um curso de pós aumenta em 20% a 25% o salário do profissional, mas há uma ressalva: há cursos e cursos. Entschev lembra que até há uns 20 ou 15 anos atrás eram raros os cursos de pós no Brasil e eles estavam concentrados nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo. Segundo ele, nos anos 90 houve uma "explosão" de cursos e hoje em dia encontramos inúmeras opções em todos os cantos do país.
"Existem várias modalidades de cursos: seqüenciais, a distância, pela internet etc. Alguns são só um complemento aos cursos de graduação. Isso diminuiu o valor dos cursos como era antigamente, ou seja, eles não tornam mais os profissionais tão competitivos quanto tornavam", avalia o consultor. Na opinião dele, é necessário fazer um bom curso de graduação e uma boa pós para ficar com vantagem, como, em um exemplo ambicionado por muitos, estudar Economia em Londres e fazer uma pós-graduação na Universidade de Harvard. É claro que isso não está ao alcance de todos, mas mostra como deve ser feita a qualificação profissional: o ideal é fazer o melhor curso que estiver ao alcance. "Se puder, faz lá fora (no exterior), se não, procura o melhor do Brasil, o melhor do Paraná ou o melhor da região e assim vai", finaliza o empresário. Para Entschev existem bons cursos no estado. A orientação, no entanto, é olhar muito bem o conteúdo do curso e praticar a profissão antes de fazer uma pós.
No fórum deste Guia de Pós-Graduação, várias pessoas participaram do debate proposto sobre a questão e responderam se um curso de pós garante uma melhor colocação no mercado de trabalho. As opiniões se dividem entre os que acreditam que não muda em muita coisa, os que acham que é importante - mas não servem de nada se o profissional não tiver experiência, o que corrobora a tese dos especialistas ouvidos pelo TudoParaná - e os que acham que um curso de pós ajuda na hora de competir por um emprego. Há também pessoas que afirmam que os cursos de pós são uma exigência do mercado hoje em dia. Outros afirmam ainda que existem vários cursos que não adiantam em nada. O leitor Luciano Padilha, por exemplo, diz que fazer uma pós não o transformou em um superprofissional.
O gerente de planejamento e controle do Grupo Rocha, Marcos Roberto de Souza, é enfático em sua opinião favorável aos cursos de pós: "Dei um passo a mais na minha carreira. Sempre trabalhei na área financeira e estudar e conviver com profissionais de outras áreas ampliou meus conhecimentos", afirma. Souza fez um MBA Empresarial dois anos depois de se formar em Administração de Empresas Comércio Exterior e conseguiu um novo emprego com a ajuda do curso de especialização. O administrador pretende ainda fazer outra pós mais para frente e recomenda para outros profissionais que também façam.