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Pós-graduação

Vale a pena viajar para estudar?

Uma vez por mês o médico Fábio Carli sai de sua cidade natal, Campo Grande (MS), e viaja cerca de 1.000 km em direção a Curitiba para ter três dias intensos de aulas teóricas e práticas. Ele cursa a especialização em Cirurgia Minimamente Invasiva no Centro Universitário Positivo (Unicenp).

Além dos gastos com o curso, Carli tem que pagar ainda as passagens de avião e o hotel onde fica hospedado. Fora isso, a agenda de trabalho do médico tem que ser ajustada para quando estiver fora. Mesmo assim, ele garante que o esforço é mais do que válido. "Tudo que você puder investir em conhecimento vale a pena", resume.

Viajar para cursar um programa de pós-graduação é muito comum. O pró-reitor de pós-graduação da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), Flávio Bortolozzi, estima que no país de 80 a 90% dos estudantes de especializações façam isso. "É tranqüilo viajar para estudar. Esses cursos são planejados para as pessoas que precisam se deslocar para estudar e por isso normalmente são feitos em finais de semana", explica.

De acordo com o pró-reitor, pessoas do país inteiro vão para a PUC-PR estudar uma pós. Bortolozzi diz que o motivo é a própria cultura do brasileiro, que precisa se virar de qualquer maneira para sobreviver. Enquanto em países desenvolvidos é possível se dedicar mais aos estudos, aqui muitas pessoas estudam à noite porque precisam trabalhar.

O pró-reitor da PUC-PR acredita que o esforço é compensador. "Sempre vale a pena estar se atualizando", opina. No entanto, Bortolozzi acha complicado viajar para fazer um mestrado ou um doutorado, pois esses tipos de cursos exigem mais tempo e dedicação.

Apesar disso, o pró-reitor de pós-graduação e pesquisa do Unicenp, Luiz Hamilton Berton, afirma que a quantidade de alunos de cursos de mestrado e doutorado que viajam é proporcionalmente maior do que em cursos de especialização.

"Pegue um profissional de Londrina, por exemplo, que queira fazer um doutorado em Administração. Ele tem três opções: estudar em Curitiba, São Paulo ou no Rio Grande do Sul. Como esses cursos têm poucas vagas, o número de alunos de fora é grande", demonstra. Segundo Berton, os cursos que recebem mais alunos de fora normalmente são os que exigem uma infra-estrutura grande ou que são inéditos, como é o caso da especialização em Cirurgia Minimamente Invasiva, que só é oferecida na capital paranaense e tem cerca de 75% de alunos "estrangeiros".

Berton também acredita que vale o esforço de viajar constantemente apenas para estudar. "Se não existe aquela especialidade onde a pessoa mora, é preciso sair. Se ela sair, vai ganhar um diferencial competitivo e pode se sobressair no mercado. Isso abre novas possibilidades e pode também aumentar o salário", resume o pró-reitor.

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