O consumidor que deixa de pesquisar preço no supermercado perde muito dinheiro. Levantamento da Associação Pro Teste Consumidores mostra que o paulistano pode economizar até R$ 1.320 por ano se optar pelo lugar certo para fazer as suas compras.
- É muito dinheiro. Um brasileiro que não ganha isso gasta isso sem sentir. É preciso voltar as velhas listas de compras, pesquisar muito os preços e mudar o hábito de compras. Fazer isso é tocar em um órgão muito sensível, o bolso. Com mais de R$ 1 mil no bolso dá para pagar no fim do ano o seguro do carro e o presente das crianças no Natal - afirmou Cristiane Souza, coordenadora de estudo de mercado da Pro Teste.
A associação pesquisou 70 mil preços em 500 mercados de sete capitais (Belo Horizonte, Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo) entre março e abril deste ano. Os mercados dessas regiões representam 80% do faturamento do setor. O objetivo é ensinar o consumidor a economizar, já que, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), gasta-se com as compras de supermercado um terço do orçamento doméstico.
A pesquisa da Pro Teste dividiu os produtos em duas cestas. A cesta 1 representa o consumo típico de uma família brasileira e destina-se a quem escolhe os produtos com base na marca. A cesta 2 tem consumidores que procuram pelo menor preço sem definição de marca.
Em São Paulo, a loja mais barata é o Dia da zona leste para todos os tipos de produtos, com ou sem marca.
De acordo com a pesquisa, os preços não só variam na mesma cidade como na mesma região. Às vezes, no entanto, não compensa muito atravessar a cidade para comprar o produto no local mais barato, já que é preciso levar em consideração o custo com o transporte, por exemplo.
As diferenças de preços entre os produtos, porém, não são pequenas. O Select da Avenida Morumbi tem os preços 83% mais caros na cesta 2 em relação ao praticado no Dia. O Pão de Açúcar da Rua Apiacás tem os preços 38% maiores. Os dois ficam na zona oeste da cidade, região que tem os supermercados com os preços mais altos da cidade, de acordo com a Pro Teste. Se considerar os preços de produtos de marcas líderes a alta é de 28% no Pão de Açúcar da Marginal Pinheiros e no Violeta, na Rua Embaixador Cavalcante de Lacerda, na zona oeste.
Cristinane disse que é preciso levar em consideração o conforto que alguns supermercados oferecem, mas em alguns casos nada justifica um preço tão alto.
- É preciso pesquisar. Fica caro pegar o carro e ir para uma outra região fazer as suas compras, mas, às vezes, não precisa muito para economizar. Um mercado do outro lado da rua pode estar com os preços bem mais em conta. Normalmente, as lojas de conveniências são as vilãs, sempre cobram mais caro porque nos ajudam em um dia de aperto. Mas ter produtos 83% mais caros, como ocorreu em São Paulo entre o Dia e a Select é um absurdo - disse Cristiane.
A coordenadora da Pro Teste lembra que na Europa alguns mercados cobram pela sacola de compras, forçando o cliente a levar de casa a sua própria sacola. Mas o preço é tão bom que vale a pena fazer o esforço.
Nem todas as lojas têm à disposição do cliente a possibilidade de comprar pela internet, mas as que possuem não cobram mais caro. No Pão de Açúcar, pedir as compras pela internet sai 1% mais barato do que na loja da Avenida Coelho Lisboa.
- Se a pessoa prefere fazer as compras em lojas caras, o melhor é que compre pela internet, então. Ir ao supermercado significa gastar mais. Os produtos estão organizados de forma a motivar o cliente a colocá-lo no carrinho. A gente peca e a tentação está dentro do supermercado -disse Cristiane.