As vendas de Natal no comércio de São Paulo cresceram em média 4,1% em relação ao ano passado. Foi o pior resultado desde 2002, quando as vendas ficaram praticamente estáveis. Em 2003, as vendas do comércio paulista haviam crescido 6% sobre o ano anterior, e em 2004, 6,5%.

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De acordo com levantamento da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), as consultas ao Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), que medem o movimento das vendas à prazo, tiveram alta de apenas 1,7% em relação aos 25 primeiros dias de dezembro de 2004, enquanto que as consultas ao UseCheque, indicador de vendas à vista, subiram 6,5% na mesma comparação.

- Foi um Natal morno, com predominância das compras de bens de pequeno valor, geralmente pagas em cheque - observou o economista Emilio Alfieri, da ACSP, sobre o desempenho do comércio neste Natal.

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Segundo a entidade, o fraco desempenho das vendas pelo crediário, mais usados para a compra de bens duráveis, de maior valor, deve-se às taxas de juros ainda muito altas, e também ao aperto nos orçamentos dos consumidores que ao longo do ano recorreram ao crédito consignado. Dezembro foi o mês de pior resultado do SCPC no ano.

- As taxas de juros deveriam ter começado a cair em junho, não em setembro. As vendas a crédito estão em queda ao longo de todo o último trimestre, o que é sintoma de aperto orçamentário, que em parte pode ser explicado pelo forte crescimento do crédito consignado ao longo do ano, que reduz a disponibilidade de compra do consumidor - disse o presidente da ACSP, Guilherme Afif Domingos.

No ano, o balanço da ACSP revela um crescimento da ordem de 5% no movimento das vendas a prazo do varejo paulista em relação a 2004. No final do primeiro semestre, a alta era de 6,3%, que para Afif Domingos mostra que 2005 começou bom para o comércio, com forte desaceleração no segundo semestre. Já as vendas à vista, medidas pelo UseCheque, tiveram alta de 3,5%.

Para o presidente da ACSP, as expectativas para 2006 dependem ainda da extensão que a política de gastos do governo vai atingir e da disposição do Banco Central em reduzir os juros. De acordo com ele, as condições externas continuam favoráveis tanto para as exportações brasileiras como para a captação de recursos, mas as incertezas internas aumentaram. Afif afirma que é possível esperar um crescimento da economia entre 3% a 3,5%, com maior ênfase do mercado interno. Isso permitiria ao comércio crescer cerca de 4% a 4,5%, segundo Afif Domingos.