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Há tempos fui desafiado por um amigo headhunter a fazer uma palestra para um grupo de pessoas que estavam em busca de recolocação. Perguntei: "O que é um profissional de marketing vai poder falar a um grupo desses?". Meu amigo foi lacônico: "Se vira".

Como sou do comércio, só vejo produtos a serem vendidos em tudo que passa na frente, pensei, vou comparar essas pessoas a produtos a serem ofertados ao mercado. Uma comparação do tipo, sou um produto, estou na vitrine, como é que faço para que as empresas me comprem? A partir deste conceito, elaborei uma palestra abordando o profissional como algo que precisa estar sempre pronto a ser comprado, é a tal da empregabilidade.

O trabalho recebeu o título: 'E agora, o produto sou eu, como é que faço para me vender?'. O que menos desejava era que a fala entrasse no velho, ensebado e antiético assunto do marketing pessoal. Nada de truques de carreirismo ou de modismos yupies. Eis alguns dos tópicos abordados:

Melhoria constante

Faça um plano de vida e de carreira: Pesquisas indicam que somente 3% das pessoas fazem planos de carreira ou têm visão clara do que gostariam de estar fazendo daqui a dez anos. Ninguém se dá ao trabalho de elaborar e colocar no papel um plano de carreira pessoal. Não basta o diploma, você precisa saber o que vai fazer com a sua profissão, aonde quer chegar e que habilidades precisará desenvolver ao longo do tempo para chegar lá. É preciso dividir a meta em etapas e ir realizando-as uma a uma. Como todo produto a ser vendido, o profissional precisa estar em constante melhoria. Compare o carro que seu avô usava com os de hoje. Mas, você pode perguntar: "eu não sei o que quero fazer?".

Um dos truques para se descobrir o que realmente desejamos na vida é estarmos dispostos a ouvir as nossas mensagens interiores. Pegue uma folha de papel e vá anotando tudo o que lhe vier à cabeça sobre o assunto. De tempos em tempos releia estas percepções e corte as que realmente não gostar. Passados alguns meses refaça o exercício e reflita novamente sobre o assunto, pois os nossos interesses mudam com a vida. Muitas vezes o belo cargo que tanto almejávamos não é aquela maravilha que se pensava. Faça o que gosta de fazer e aprenda a gostar do que tiver que fazer. E não faça nada só pelo dinheiro, porque este sempre é conseqüência daquilo que fazemos com amor e entusiasmo. Importante, quem tem que escolher e se ocupar com a sua carreira e plano de vida é você, não os pais ou a direção da empresa. Em vez de ser "planejado", seja planejador do seu destino. E, uma vez feito o plano, é necessário colocá-lo em ação. Goethe dizia: "Seja o que você sonhar e quiser fazer, faça. O ato de começar a fazer traz poder e magia".

"Espelho"

Aprenda a fazer "espelho". Isto é, escolha alguém que você admira muito pelas suas realizações profissionais e diga a si próprio que um dia vai ser igual ou melhor do que ele. Procure saber tudo sobre essa pessoa; como ela trabalha, quais as suas melhores qualidades, como administra a vida, a carreira, cursos que realizou, etc. Mas cuidado, ela pode ser um excelente profissional e ao mesmo tempo um péssimo caráter. Só se espelhe no que ela representa de bom, naquilo que você admira, e que pode lhe ser útil. Ninguém precisa saber deste seu procedimento, é assunto íntimo, pois quanto mais pessoal, mais força você terá nas suas ações. Com o tempo perceberá que suas metas atingidas, comparadas ao seu "espelho" não valem mais. Nestas alturas, com certeza, você já deve ter ultrapassado, de longe, o profissional que um dia representou tanto para você. É chegada a hora de escolher outro exemplo, um novo e melhor "espelho".

Peça orientação

A figura do mentor: A história conta que quando Ulisses saiu para guerrear deixou em casa a esposa Penélope e o filho Telêmaco. Como ele estava demorando em voltar, interessados começaram a rondar o seu reino, tentando cortejar sua bela e abandonada esposa. Com pena da desesperada e fiel Penélope a Deusa Atena desceu à terra para ajudá-la na figura de um velho e sábio conselheiro chamado Mentor. É fundamental no desenvolvimento das nossas carreiras que escolhamos um mentor para nos orientar. Alguém da nossa admiração, uma pessoa com muita experiência profissional e de vida. Pode ser até de outra profissão. Alguém para conversar de tempos em tempos para expor dúvidas e angústias profissionais. O mentor vai orientar, dar conselhos, propor passos e procedimentos, quais os melhores cursos a serem realizados e onde encontrá-los. O simples fato de dispor de alguém para conversar e expor dúvidas libera o pensamento ajudando a conduzi-lo e a tomar melhores decisões.

Resumindo, esteja você na idade que estiver, comece a pensar na sua carreira, sempre é tempo. Algumas das melhores obras humanas foram realizadas por pessoas que começaram na idade madura. E um plano de vôo sempre é bom para nos orientar num mundo cada vez mais competitivo. Sabendo para onde a gente está indo as correções de rota sempre indicarão o caminho certo.

Eloi Zanetti, palestrante, consultor de marketing e autor dos livros "Administração, Futebol & Cia", "O Encantador de Clientes", "O General que Sabia Ganhar Batalhas" e "O Mago Pareto"; eloizanetti@terra.com.br

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