Um dia após a divulgação do balanço trimestral apontando para uma queda de 17,7% na receita líquida da Varig e a demissão de 156 pilotos, a FRB-Participações Investimentos S.A, controladora da empresa, destituiu o comando Conselho de Administração da companhia aérea. Deixaram o cargo o presidente do conselho, David Zylbersztajn, além de Eleazar de Carvalho, Marcos Azambuja. Omar Carneiro da Cunha, que está viajando, ainda permanece na presidência da companhia.
Segundo o presidente do Conselho de Curadores da FRB, Cesar Curi, a saída dos atuais gestores da Varig faz parte de um processo da controladora de abrir espaço para credores e investidores no Conselho:
- Dentro deste pensamento de abrir espaço, na avaliação da Fundação, a mudança dos conselheiros faz parte do processo. Isso não muda a estrutura em andamento - afirmou Curi, que já tem um nome para a presidência do conselho: Humberto Rodrigues Filho, que já trabalhou na Varig na área de logística e agora está à frente de uma consultoria no Rio.Rodrigues se junta aos conselheiros remanescentes Gesner de Oliveira, Harro Fouquet, Brigadeiro Sergio Xavier Ferolla e Sergio de Almeida Bruni.
O Juiz Luiz Roberto Ayoub, da 8ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio, disse nesta sexta-feira que a destituição do conselho de administração da Varig não atrapalha o processo de recuperação da companhia. Ayoub afirmou que, mesmo sob administração judicial, a Fundação Ruben Berta (FRB) mantém o poder de controladora e pode destituir executivos, como fez com o conselho da Varig.
- A fundação como controladora não perde o poder apesar de a empresa está em recuperação judicial. Não vejo também anormalidade no processo de recuperação com a saída dos atuais gestores. No mundo dos negócios é comum a troca de dirigentes. Isso não interfere no andamento da recuperação - afirmou Ayoub.
No início de novembro, após a aprovação da venda da VarigLog e da VEM para um grupo de investidores capitaneado pela companhia aérea portuguesa TAP e com financiamento do BNDES, a Varig conseguiu um aporte de US$ 62 milhões para saldar um débito que estava sendo cobrado pela Justiça Americana, evitando assim o arresto de 20 a 40 aviões de sua frota. A negociação é parte do processo de reestruturação da empresa, que vinha sendo comandado por David Zylbersztajn e Omar Carneiro da Cunha. A Varig tem até o dia 19 de dezembro para aprovar o plano de recuperação da companhia.