A empresa paranaense Positivo Informática divulgou na noite de quarta-feira (23) o balanço com os resultados de 2015. Consolidando uma tendência observada nos últimos trimestres, as vendas de computadores da companhia caíram no ano, enquanto as de celulares aumentaram, puxadas pelos feature phones e também pelos smartphones da marca Quantum, lançada no fim do terceiro trimestre.
O comunicado ao mercado também trouxe informações sobre mudanças no parque fabril da Positivo. A empresa paranaense fechou a fábrica de Ilhéus, na Bahia, e, no fim do ano, passou a concentrar totalmente a produção de PCs e tablets em uma nova unidade construída em Manaus – até então, a unidade de Curitiba também montava esses aparelhos.
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A nova fábrica foi inaugurada em novembro de 2015 e, com isso, a Zona Franca de Manaus passa a ser o principal polo produtor da companhia. O movimento é parte de um “plano de monetização de ativos tributários”, divulgado inicialmente ao mercado em agosto do ano passado – ao migrar a produção para a Zona Franca, a empresa passa a não ter de pagar impostos nas compras de insumos voltados aos produtos.
Segundo a Positivo Informática, a nova unidade também foi preparada para produzir smartphones. No balanço, a empresa afirma que vai transferir “nos próximos meses” a produção de celulares da fábrica de Curitiba para a unidade de Manaus. Assim, a planta curitibana deve seguir produzindo apenas placas-mãe para computadores de mesa, notebooks e tablets, além de sediar os setores administrativas da empresa.
A Gazeta do Povo entrou em contato com a Positivo para buscar mais detalhes sobre a transferência da produção, mas a empresa afirmou que se pronunciaria sobre a questão no momento apenas por meio do balanço divulgado ao mercado.
O que se sabe é que a transferência da produção de computadores e tablets para Manaus já diminuiu diretamente o efetivo de funcionários em Curitiba. Segundo o balanço, o quadro administrativo da companhia foi enxugado ao longo do ano e proporcionou um ganho de 13,7% nas despesas gerais e administrativas.
Só em rescisões extraordinárias a companhia gastou R$ 5,7 milhões no quarto trimestre de 2015. De acordo com a Positivo. essas rescisões “referem-se à adequação do quadro de colaboradores ao menor patamar de receita, dado o cenário recessivo, e à migração de posições de trabalho de Curitiba para Manaus”.
Vendas
Em 2015, a Positivo comercializou 1,78 milhão de computadores e tablets – foram 468,5 mil desktops, 868,8 mil notebooks e 451 mil tablets. O número é 30,6 % menor do que o registrado em 2014. A retração atingiu os três tipos de produtos, mas foi maior em notebooks, com vendas 37,3% menores do que no ano anterior.
O resultado ruim da empresa no segmento de computadores já era esperado. Estudo da consultoria IDC Brasil divulgado no início do mês mostrou que as vendas desses aparelhos em 2015 encolheram 36% em relação a 2014, atingindo 6,6 milhões de unidades, no pior resultado em 10 anos. A retração no mercado brasileiro de tablets, segundo a IDC, foi ainda maior, chegando a 38% – foi a primeira vez, desde 2010, que houve diminuição no número de aparelhos comercializados em relação ao ano anterior.
Por outro lado, as vendas de celulares da empresa aumentaram 127% em 2015 e atingiram a marca de 1,1 milhão de dispositivos vendidos – destes, 537 mil foram smartphones e 658,6 mil feature phones (aparelhos convencionais, de menor custo). O número de smartphones comercializados aumentou 48,5%, e o de feature phones, 299%.
No balanço, a Positivo não faz distinção entre os modelos próprios e os da marca Quantum, que funciona como uma unidade de negócios independente dentro da empresa. Os smartphones da Quantum, vendidos a partir de R$ 899, chegaram ao mercado no início de setembro, com venda exclusiva pela internet. Desde dezembro, também é possível adquirir os aparelhos em lojas físicas da rede Riachuelo.
A participação destes smartphones nas vendas fez com que ticket médio subisse 10% no quarto trimestre, para R$ 237. No documento com os resultados, a companhia reforça que “o crescimento das vendas foi favorecido pelo bom desempenho no mercado de operadoras e do lançamento dos smartphones da nova unidade de negócios Quantum”. Mesmo sem apresentar números, a empresa disse no balanço que os celulares da Quantum foram introduzidos no mercado com “surpreendente sucesso” e tiveram “forte aceitação dos consumidores e da mídia especializada”.
Receita
O avanço no mercado de celulares tem contribuído para alterar as fontes de receita da Positivo Informática, que surgiu como uma empresa essencialmente focada em computadores. A companhia terminou o ano com os notebooks respondendo por 31,2% da receita líquida de hardware – no quarto trimestre de 2014, essa fatia era de 43,2%. Já a participação dos celulares subiu de 7% no fim de 2014 para 13,4% no quarto trimestre de 2015.
Essa transição, no entanto, ainda está longe de equilibrar o caixa da empresa. Em 2015, a Positivo Informática registrou uma receita líquida de R$ 1,8 bilhão – resultado 20,9% abaixo do visto em 2014. Com isso, a companhia amargou um prejuízo líquido de R$ 79,9 milhões em 2015, frente a um lucro de R$ 23,3 milhões no ano anterior.