O presidente da Positivo Informática, Hélio Rotenberg, com um notebook da Vaio: paranaense conquistou a primeira parceria internacional da empresa japonesa| Foto: Divulgação/Positivo Informática

Conhecida pelos produtos de baixo custo, voltados à classe média, a Positivo Informática quer mirar em um novo público e ganhar relevância em um mercado hoje inacessível para a empresa: o de notebooks premium, de alto valor agregado. A previsão é que os primeiros aparelhos da marca japonesa Vaio produzidos pela companhia paranaense cheguem ao varejo no início de outubro, dois meses antes da elevação do PIS/Cofins para eletrônicos anunciada nesta terça-feira pela Receita Federal, que deve atingir diretamente a empresa.

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A parceria com a Vaio – companhia que já pertenceu à Sony, mas foi vendida ano passado – foi anunciada há duas semanas, mas o início da conversa entre as duas fabricantes se deu em junho de 2014. Uma comitiva de executivos da Positivo foi até o Japão para propor o negócio e, meses depois, foi a vez dos japoneses virem ao Brasil conhecer as instalações da empresa. O contrato foi firmado após uma auditoria dos processos produtivos, de pós-venda, comercial e de marketing da empresa paranaense.

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Os valores e condições exatas do negócio permanecem em sigilo, mas, em resumo, envolvem o pagamento de uma licença à Vaio pelo uso da marca, com a obrigatoriedade da Positivo adequar linhas de produção e utilizar componentes específicos exigidos pelos japoneses. Haverá ainda um call center exclusivo para atender aos compradores dos notebooks da Vaio, junto de um time de marketing e vendas focado nos aparelhos – todos requisitos que serão custeados pela Positivo.

A negociação com os varejistas e a definição de preços será conduzida pela empresa paranaense, apesar da Vaio poder fiscalizar ou auditar os processos quando julgar necessário, afirma o presidente da Positivo Informática, Hélio Bruck Rotenberg. Mesmo com os preços ainda em estudo, sabe-se que os valores ficarão bem acima da média dos notebooks da Positivo. No último trimestre, o preço médio dos aparelhos da marca ficou em R$ 1.035, enquanto um dos últimos notebooks da Vaio lançados pela Sony, no fim de 2013, chegou aqui por R$ 5,4 mil.

“O nosso portfólio hoje começa na faixa dos R$ 1 mil e vai até R$ 2,5 mil. Temos esse foco em um produto bom com um preço bastante razoável, mas sempre tivemos o desejo de entrar também neste outro segmento, mais elitizado, que compra a marca e não olha muito para o preço”, afirma Rotenberg. “Os notebooks da Vaio não vão canibalizar uma venda nossa, mas sim complementar o nosso portfólio”, completa.

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Empurrão

Com o valor das vendas dos notebooks japoneses vindo para a Positivo, a parceria pode ajudar a empresa – mesmo no médio e longo prazo – a amenizar o impacto no caixa com a retração no mercado de computadores e o fim súbito do programa de inclusão digital, anunciado nesta terça pelo governo (leia mais na página 15).

No acumulado do ano, a companhia registra um prejuízo de R$ 28,1 milhões e uma queda de 31% no número de PCs e tablets comercializados. “Estamos somando uma linha que não tínhamos até então, o que certamente vai ajudar no nosso desempenho. É uma parceria que esperamos que seja por muito tempo”, diz o presidente da Positivo Informática.

RETRAÇÃO MUNDIAL

A queda na venda de computadores não se restringe hoje ao Brasil. Previsão da IDC divulgada nesta semana estima uma retração de 8,7% na comercialização de PCs neste ano, devido a um grande estoque de notebooks e ao impacto da valorização do dólar. Segundo a consultoria, a demanda pelos aparelhos não deve se estabilizar até 2017 e voltará a crescer no mundo somente em 2019, puxada pelos modelos portáteis, como mini netbooks.

Analistas veem negócio com bons olhos

A divulgação da parceria entre a Positivo Informática e a Vaio foi bem recebida pelo mercado: as ações da companhia paranaense tiveram alta de 10,5% na Bolsa no dia seguinte ao anúncio. O negócio também ganhou repercussão por ter sido o primeiro acordo internacional firmado pela Vaio desde a separação da Sony – desde então, a fabricante atua somente no Japão.

“É uma aliança importante, que reforça e valoriza a marca Positivo, que ficou conhecida por ter apenas computadores populares e baratos. E também mostra um ‘olho de águia’ da Vaio, por recorrer a uma empresa que já tem uma boa penetração no mercado e um centro de distribuição consolidado”, avalia o economista e professor do curso de Ciências Econômicas da PUC-PR, Carlos Magno.

Na contramão

O analista de pesquisas da IDC Brasil, Pedro Hagge, lembra que hoje o segmento premium de computadores é um dos que está sendo menos afetado pela retração neste mercado – e a venda de notebooks, por sua vez, cai num ritmo menor do que o de desktops. “O mercado premium no Brasil não é grande, mas vem crescendo. A nossa percepção é de que os consumidores estão mais exigentes na compra dos computadores e as características dos aparelhos são cada vez mais importantes. O consumidor está disposto a pagar mais por um produto que ele sabe que vai proporcionar uma melhor experiência de uso”, afirma.

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