Um ano depois de começar a migração de suas linhas de produção para Manaus, a Positivo Informática está terminando de arrumar as últimas malas. A empresa paranaense anunciou que também vai transferir para o Norte do país a fabricação de placas-mãe e de baterias de celulares, ao longo dos próximos meses – a companhia segue com sede em Curitiba, onde devem se concentrar apenas os setores administrativos.
O primeiro passo para a transferência integral da produção para a nova unidade na Zona Franca de Manaus ocorreu em novembro de 2015, quando a fabricação de computadores e tablets passou a se concentrar no local. Em seguida, ao longo deste ano, a empresa fechou a fábrica que mantinha em Ilhéus, na Bahia, e transferiu a produção de celulares de Curitiba para Manaus. A última etapa da migração, chamada por executivos da empresa de “Projeto Manaus”, será agora a transferência da produção de placas-mãe de computadores e smartphones e de baterias para celulares.
A Positivo Informática afirma que o principal objetivo da mudança é cortar custos e “incentivar a geração de caixa”, por meio dos incentivos fiscais dados às empresas que atuam na Zona Franca de Manaus. Com o novo arranjo, o imposto na compra de insumos para a produção dos aparelhos é protelado e passa a ser pago na venda dos produtos acabados.
“Desta forma, há redução significativa da geração de novos créditos tributários e, por conseguinte, acelera-se o consumo do saldo de impostos federais a recuperar detido”, explica a empresa no balanço do terceiro trimestre de 2016, divulgado no dia 10 de novembro. A estratégia tem dado certo: só nos primeiro nove meses do ano, a companhia monetizou R$ 60 milhões de seus créditos tributários.
O resultado foi comemorado pelo presidente da companhia, Hélio Rotenberg, em teleconferência com investidores no dia seguinte à divulgação do balanço. “Estamos indo integralmente para Manaus, agora com a fábrica de placas e a fábrica de baterias. Está tudo indo para Manaus, pra gente acelerar mais a monetização de créditos tributários. O plano de Manaus deu super certo e a gente está concluindo ele nos próximos meses”, relatou na ocasião.
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Efetivo
Segundo a Positivo Informática, parte dos funcionários que atuavam em Curitiba foi transferida para Manaus. O número total de colaboradores da companhia no Brasil cresceu de 2.872 para 3.060, entre o terceiro trimestre de 2015 e setembro deste ano, sendo 1,8 mil em Curitiba. A empresa não informou quanto desse efetivo atua na produção de placas-mãe e baterias, que migrará para Manaus.
A empresa reconhece, por outro lado, que tem trabalhado para diminuir o seu tamanho e, consequentemente, sua despesa com pessoal – esforço motivado pela crise econômica e pela desaceleração contínua na venda de computadores, que ainda respondem pela maior fatia de receita da Positivo. Somente no terceiro trimestre deste ano, a companhia gastou R$ 7,9 milhões em valores extraordinários, relativos principalmente a “custos com rescisões do projeto de reestruturação do quadro administrativo”, conforme citado no balanço.
Durante a teleconferência no dia 11 de novembro, o diretor financeiro de Relações com Investidores da Positivo Informática, Lincon Ferraz, afirmou que os cortes de pessoal ocorreram em abril deste ano e que houve, também, um “corte relevante” no ano passado. Na mesma ocasião, Rotenberg ressaltou que a redução das despesas gerais e administrativas ao longo de 2016 chegou a 30%.
“Tem uma queda expressiva e contínua do custo fixo, essa é uma grande notícia. A gente vê o quanto trabalhou para diminuir o tamanho da empresa, para se preparar para esse mercado menor e ganhar eficiência para o crescimento dele”, declarou o presidente da Positivo Informática.
Caixa
A Positivo Informática registrou um lucro líquido de R$ 5,5 milhões no terceiro trimestre deste ano, um crescimento de 342,8% em relação aos R$ 1,2 milhão obtidos no mesmo período do ano passado.
No acumulado do ano a companhia tem um lucro líquido de R$ 7,7 milhões, contra prejuízo líquido de R$ 26,9 milhões dos nove primeiros meses do ano anterior.
No balanço, a empresa afirma que concentrou esforços na operação de celulares no terceiro trimestre, segmento que teve um aumento de 149% na receita líquida em comparação com o terceiro trimestre de 2015 – com isso, os telefones já respondem por 42,6% do faturamento da companhia paranaense, uma marca inédita na história da empresa, mais conhecida por seus computadores de baixo custo.
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