A Positivo Informática surpreendeu ontem o mercado de eletroeletrônicos e anunciou o lançamento de dois modelos de conversores do sinal de tevê digital, um dos quais terá preço de venda de R$ 499. O valor é quase 30% mais barato do que o estimado pela indústria nacional. Outros concorrentes, como Gradiente e Semp Toshiba, anunciaram que vão vender equipamentos por valores entre R$ 800 e R$ 900. O outro modelo da Positivo Informática, com tecnologia mais avançada, custará R$ 699.
Os conversores começam a ser vendidos no varejo em São Paulo a partir da próxima semana, a tempo de os consumidores se prepararem para o início das transmissões da tevê digital. A capital paulista será a primeira a receber o sinal, a partir de 2 de dezembro.
O governo federal estudava maneiras de reduzir a carga tributária do "set-top box", como também é conhecido o conversor. A expectativa era de que o produto custasse cerca de R$ 200 ao consumidor. Mas estimativas da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros) apontavam para um preço médio de R$ 700.
A Positivo Informática, que tem sede em Curitiba, está produzindo os set top boxes no Amazonas, por meio de uma empresa terceirizada, a Teikon, que tem benefícios fiscais da Zona Franca de Manaus. O diretor de conectividade da companhia, Erlei Guimarães, não revelou dados, mas explicou que a fábrica está atendendo à demanda inicial e que tem condições de suprir todo o mercado nacional, na medida em que outras cidades começarem a receber o sinal da tevê digital. A companhia investiu cerca de R$ 3 milhões no projeto da nova tecnologia.
O DigiTV, o modelo mais simples da empresa, é direcionado para os televisores tradicionais, de tubo. O DigiTV HD, o mais caro, foi desenvolvido para os televisores LCD ou de plasma. "A Positivo Informática conseguiu um posicionamento forte no mercado de computadores levando alta tecnologia a um preço acessível. Queremos fazer o mesmo com a tevê digital", afirma Guimarães.
Segundo dados da empresa, 64% de todos os televisores no Brasil são de tubo, com 20 polegadas ou menos. "Todas as televisões que foram comercializadas até agora no Brasil necessitam do conversor. A partir de um preço mais acessível, será possível ter o sinal digital." Segundo Guimarães, os dois modelos de DigiTV podem ser usados tanto em televisores de tubo como nos mais modernos. "O consumidor pode usar o conversor mais moderno na atual tevê de tubo e futuramente instalá-lo em uma mais moderna."
"O consumidor não precisa ter pressa para comprar o conversor. O mercado ainda não se formou e a tendência é que os preços baixem bastante", alerta o coordenador-adjunto do grupo de pesquisa de tevê digital do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), Luciano Leonel Mendes. Segundo ele, no caso de um conversor para televisão de tubo, a tecnologia é muito parecida. "Não há muito segredo, o consumidor pode escolher pelo preço mesmo", diz.
