O primeiro leitor de livros eletrônicos a entrar no mercado de massa do Brasil não terá acesso à internet. O aparelho, batizado de Alfa, será vendido pela paranaense Positivo Informática, com tela sensível ao toque de 6 polegadas e capacidade de armazenamento de 2 gigabytes. Os arquivos (nos formatos ePub, pdf, html e txt) seriam carregados por cartão micro SD ou via entrada USB. A empresa não confirma datas de lançamento nem o preço do produto, que está em estudo há alguns meses.
O presidente da Positivo, Hélio Rotenberg, está em Taiwan acompanhando a feira de informática Computex e não pôde ser ouvido pela reportagem. Em março, ele havia dito à Gazeta do Povo que o entrave à venda de e-readers no país era de ordem regulatória: faltava uma definição de como ele seria tributado. Se fosse equiparado aos livros, seria isento de impostos. Caso fosse entendido como um bem de informática, estaria sujeito a impostos de importação. "Isso muda tudo", disse, à época.
O aparelho da Positivo, ao qual a reportagem teve acesso, funciona com uma versão do sistema operacional Linux. Como diferencial em relação a eventuais concorrentes, apresenta o dicionário Aurélio integrado, que permite consulta a palavras contidas nos textos. A transição de páginas pode ser feita por teclas na parte inferior do aparelho ou correndo o dedo pela tela. O único modelo de e-reader disponível atualmente é o Cool-ER, fabricado pela companhia britânica Interead e vendido em pequena escala pela livraria virtual Gato Sabido. No caso da Positivo, líder no mercado nacional de PCs, o plano é trabalhar com o varejo convencional, em grandes volumes.
A questão regulatória está dificultando a entrada de e-readers no mercado brasileiro, apesar do relativo sucesso que esses aparelhos vêm fazendo no exterior na Computex, esse tipo de aparelho está nos estandes de diversos expositores. No início de abril, a Samsung apresentou em São Paulo seus lançamentos para a América Latina. Os leitores de livros eletrônicos estavam presentes, mas apenas para demonstração. A empresa pretende testar a receptividade dos brasileiros ao produto neste segundo semestre.
No Brasil, há alguma movimentação no setor livreiro. A Livraria Cultura vende desde abril um portfolio de livros eletrônicos. Lá, versões eletrônicas podem custar até 40% menos do que obras em papel. Um exemplo é Aventuras de Alice no País das Maravilhas, publicado pela editora Jorge Zahar, que custa R$ 19,90 em papel e R$ 14,00 no formato pdf quase 30% menos.