A Positivo Informática, líder nacional na fabricação de computadores, rejeitou oferta firme de compra por parte de sua concorrente chinesa Lenovo. Em fato relevante divulgado ontem, a companhia confirmou que recebeu, na terça-feira, a proposta de R$ 18 por ação feita pela Lenovo. "A referida proposta foi por nós avaliada e consideramos que a mesma não era interessante no longo prazo, e não há qualquer expectativa de negociação com a Lenovo para a alteração dos termos da oferta ou qualquer outra operação que, de alguma forma, pudesse resultar na aquisição de controle da Companhia", diz o comunicado da empresa curitibana.

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"Acreditamos que essa empresa tem um futuro gigante, e não iríamos aceitar uma proposta que não fosse sensacional", disse, em entrevista à Gazeta do Povo, o presidente da Positivo Informática, Hélio Rotenberg. O valor esperado, no entanto, não foi revelado pelo executivo. Fontes próximas à negociação afirmavam que a Positivo desejava obter na operação um valor entre R$ 25 e R$ 30 por ação.

Rotenberg fez questão de frisar que a Positivo não foi colocada à venda, mas sim procurada pela Lenovo. "Ouvimos a oferta com todo o respeito, e chegamos à conclusão que não deveríamos aceitar. Nem fizemos contraproposta", disse.

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Os rumores sobre a compra da Positivo Informática pela Lenovo começaram há algumas semanas, e foram responsáveis por uma disparada das ações da companhia paranaense na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Só no período de segunda a quarta-feira da semana passada, a valorização foi de 119,8%.

Ontem, após a divulgação, pelo diário norte-americano "The Wall Street Journal", de que o negócio não seria concretizado, as ações da Positivo caíram 27,3%, para R$ 8,14. As ações da Lenovo na Bolsa de Hong Kong subiram 8,82%.

Para Maria Tereza Azevedo, analista da Link Investimentos, a Positivo continuará a ser bastante assediada por concorrentes, e uma eventual venda não é descartada. "É do interesse da empresa ser vendida. Seria estratégico para as duas pontas, principalmente a este nível de preço", avalia Maria Teresa.

Alan Cardoso, da corretora Ágora, disse, antes do fato relevante divulgado ontem, que, se o negócio com a Lenovo não fosse concretizado, as ações da Positivo deveriam voltar ao patamar em que estavam antes dos rumores de venda – na casa de R$ 5. Ambos os analistas afirmam, no entanto, que os papéis da empresa estão bastante desvalorizados e não refletem seus fundamentos econômicos.

Para o presidente da companhia, a Positivo sai fortalecida. "Para a empresa é muito bom que alguém tenha oferecido R$ 18, porque a ação sofreu muito nos últimos tempos. Isso mostra que a Lenovo acredita que nossa ação vale muito mais do que o preço atual. E certamente nós achamos que vale mais ainda."

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