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Computadores

Positivo sofre com aumento da competição

Fábrica da Positivo em Curitiba: para estancar perda de mercado, empresa abriu mão de rentabilidade | Marcelo Elias/Gazeta do Povo
Fábrica da Positivo em Curitiba: para estancar perda de mercado, empresa abriu mão de rentabilidade (Foto: Marcelo Elias/Gazeta do Povo)

Em dois dias de queda acentuada na BM&FBovespa (sexta e terça-feira), quando acumulou baixa de 21%, a Positivo Informática chegou a perder R$ 279 milhões em valor de mercado. A queda foi amenizada ontem, quando as ações da empresa fecharam em alta de 4,73%, a R$ 12,41. A variação é atribuída pelos analistas aos resultados financeiros apresentados pela empresa, cujo lucro líquido caiu de R$ 59,1 milhões, no terceiro trimestre de 2009, para R$ 15,3 milhões no período julho-setembro de 2010 – uma redução de 74,1%.

A recuperação de ontem colocou a Positivo entre as maiores altas do dia. "É natural que o preço volte a subir depois de alguns dias de perdas", diz Luiz Augusto Pacheco, analista da corretora paranaense Omar Camargo. "As pessoas avaliam que o preço caiu demais e que a oportunidade é boa para comprar." Para ele, a queda dos últimos dias foi "bastante exagerada" e não reflete os resultados da empresa. Os preços-alvo definidos por bancos e corretoras para os papéis da Positivo variam da faixa dos R$ 21,00 até pouco acima dos R$ 28,00.

As quedas acentuaram um movimento que já vinha ocorrendo. Neste ano a ação da Positivo chegou a ser negociada por R$ 22,50 (cotação de fechamento em 5 de janeiro). A Positivo também esteve entre as ações mais afetadas pela crise de 2008, e no fim daquele ano recebeu uma proposta de aquisição por parte da chinesa Lenovo, que foi recusada pelos acionistas controladores. A empresa não se pronunciou a respeito da variação nos preços das ações.

Os dados sobre lucro e margens da empresa foram avaliados de forma fortemente negativa por observadores e investidores. "O resultado foi muito ruim, com uma sinalização de curto prazo que assustou bastante o mercado", observou um analista de uma corretora de São Paulo, ouvido pela Gazeta do Povo.

O acirramento da competição no mercado brasileiro de computadores – no qual a empresa paranaense é líder há mais de cinco anos – é apontado como a principal causa da queda nos lucros. Na conferência com analistas realizada na semana passada, após a divulgação do resultados, a administração da Positivo acentuou esse aspecto. "Esse preço mais baixo passou para o mercado como um todo", observou o presidente da Positivo, Hélio Rotenberg. "Não sabemos se esses preços são sustentáveis no tempo", disse.

No terceiro trimestre, o preço médio dos computadores vendidos pela Positivo caiu de R$ 1.359 (valor do terceiro trimestre de 2009) para R$ 1.297, uma queda de 4,5%. Entre os notebooks, onde a concorrência é mais intensa, a queda foi ainda mais forte: 16,9%, de R$ 1.537 para R$ 1.278. Os preços das máquinas costumam cair ano a ano, mas empresas introduzem novas configurações, mais atualizadas, de modo a manter os preços médios. No caso brasileiro, a competição fez com que a Positivo não pudesse elevar os preços. No segmento de notebooks, a Positivo perdeu a liderança nas vendas. O topo do ranking agora é da Acer, seguida pela HP.

Com os preços em queda livre, a empresa teve de gastar mais para manter sua posição no mercado. Por isso as despesas com vendas cresceram de 16,3% para 20,8% da receita líquida, espremendo os ganhos. Só a despesa com comissões pagas aos varejistas cresceu 35% entre o segundo e o terceiro trimestre. A margem líquida da Positivo caiu de 9,2% no terceiro trimestre de 2009 – um porcentual que já era considerado baixo por alguns analistas – para 2,5%.

Nem mesmo os impactos da desvalorização do dólar ajudaram muito a empresa, que tem boa parte de seus custos ligados à importação de componentes. "Mesmo com a queda de valor do dólar em relação ao real, que tenderia a beneficiar os custos, a empresa sofreu leve alta nos custos de insumos, por ainda estar estocada com produtos comprados em uma taxa de dólar mais alta", comentou o estrategista de um banco multinacional, em chat com investidores.

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