Após oito dias de paralisação da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária, alguns postos de Curitiba e região metropolitana já estão recebendo um volume menor de combustível que o que foi encomendado às distribuidoras. Embora não falte produto nas bombas, os donos de postos dizem que a situação tende a piorar nos próximos dias com a diminuição das reservas próprias e a reposição insuficiente para atender a demanda.
A Petrobras informou que a operação será totalmente normalizada no dia 17 de dezembro (leia mais nesta página). Ao todo, serão 19 dias de paralisação. Considerando a produção mensal de 282 milhões de litros de gasolina e 489 milhões de litros de óleo diesel da Repar, a refinaria deixará de enviar ao mercado nesse período 63,3% de toda a gasolina e óleo diesel que produz normalmente.
Dono de um posto de combustível no bairro Pinheirinho, Dinho Sprenger diz que as distribuidoras estão cortando em até 50% os pedidos. "Com o racionamento o mercado está tentando se adequar para evitar o desabastecimento", diz ele. O funcionário de uma rede que possui nove postos em todo o estado afirma que a oferta de combustível no pool das distribuidoras, em Araucária, já é bastante limitada. Na quinta-feira, houve uma movimentação acima do normal de caminhões para abastecer o tanque no pull.
Alternativas
Para tentar compensar a falta de gasolina e diesel no mercado e atender a demanda que até então era suprida pela Repar, a Petrobras está recorrendo a outros polos de distribuição. Desde o acidente, a estrutura de carregamento de combustíveis da Cattalini Terminais Marítimos em parceria com a América Latina Logística (ALL) vem sendo usada para ajudar na distribuição dos combustíveis que chegam via porto de Paranaguá.
Com capacidade instalada para até 30 milhões de litros de combustíveis por mês, a estrutura da Cattalini e da ALL, que estava praticamente ociosa, deve transportar cerca de 45 milhões de litros de gasolina e diesel durante o mês de dezembro, segundo o coordenador de líquidos da ALL, Raphael Bozza. O aumento da capacidade (de 30 para 45) só foi possível porque o transporte de 130 milhões de litros de combustível por mês feito pela ALL para cidades do interior do estado a partir da Repar foi totalmente interrompido desde sexta-feira passada. "Fizemos um replanejamento do sistema, com o deslocamento de vagões e locomotivas", explicou Bozza.
Além disso, a ALL também está buscando combustíveis na Refinaria Alberto Pasqualini, em Canoas, no Rio Grande do Sul, e na Refinaria de Paulínia, no interior de São Paulo. Juntos, os três polos (Cattalini, Canoas e Paulínia) somam cerca de 80 milhões de litros, que devem ser distribuídos nas cidades paranaenses. De toda a produção mensal de gasolina e diesel da Repar, que soma 771 milhões de litros, apenas o equivalente a 17% é transportado via ferrovia.
Segundo especialistas, no entanto, as demais refinarias da Petrobras já operam em capacidade máxima e não devem dar conta da produção da Repar, que responde por 12% dos derivados de petróleo no país, por muito mais tempo.