Uma das principais razões que levam o Brasil a viver o paradoxo de crescer pouco, ao mesmo tempo que registra inflação alta, é a geração insuficiente de mercadorias e serviços no país. A opinião é do economista Michal Gartenkraut, sócio da consultoria Rosenberg & Associados.
"Estarmos praticamente a pleno emprego, com consumo das famílias alto, que registra expansão de 6% há alguns anos. Ao mesmo tempo, a oferta não tem acompanhado, principalmente a relativa aos produtos industriais", aponta.
Gartenkraut diz que, enquanto a indústria nacional enfrenta grande concorrência de competidores estrangeiros, a situação de "quase pleno emprego" colabora para um aumento substancial dos salários. "O custo unitário da mão de obra, medido em dólares, no universo Fiesp, triplicou nos últimos dez anos", diz. Por outro lado, ressalta, a produtividade no Brasil é baixa, o que também não colabora para a expansão razoável da oferta.
Incertezas
O economista avalia que é preciso investir mais para sustentar o crescimento e, segundo ele, incertezas normativas enfrentadas constantemente por vários setores produtivos inibem o investimento. A taxa de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), de 18,1% do PIB em 2012, é baixa e não permite que a economia cresça 3,5% sem gerar inflação elevada.
"Teríamos que ter uma taxa bem acima de 20% do PIB para crescer acima desse patamar", diz. "Crescer 6% a 7% é possível. Mas, sem investimento, [o país] vai registrar um voo de galinha e vai pagar um preço alto dessa ousadia."
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