Os poupadores tiveram em 2015 perda do poder aquisitivo pela segunda vez desde o lançamento do Plano Real, em 1994.
De acordo com cálculos da consultoria Economática, a poupança teve valorização de 8,15% no ano passado contra 10,67% registrado pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do mesmo período. Com isso, o poupador teve perda do poder aquisitivo de 2,28%.
A última vez que isso havia acontecido foi em 2002, quando a perda de poder aquisitivo foi de 2,90%. Foram as únicas duas vezes desde a adoção do Real que a rentabilidade anual da poupança descontada a inflação foi negativa.
Além de 2002 e 2015, a poupança perdeu para a inflação em sete anos desde o início da série histórica do IPCA: 1980, 1986, 1989, 1990 e 1991.
Saques
A previsão é que a caderneta de poupança apresente em 2015 a maior perda de depósitos em 20 anos — os números de dezembro com o balanço do ano serão divulgados nos próximos dias. Entre janeiro e novembro, os saques líquidos já somavam R$ 54,94 bilhões.
Desde 1995, quando o Banco Central (BC) passou a medir os fluxos das cadernetas, o recorde de saques ocorrera em 2003, cerca de R$ 8,2 bilhões.
Diferença
Responsável por 80% dos financiamentos habitacionais no país, o fato é que as cadernetas têm um horizonte bem negativo à frente. A diferença que separa a rentabilidade das cadernetas dos ganhos de outras aplicações é enorme e não há perspectiva de diminuir no curto prazo: enquanto a poupança paga cerca de 7,5% ao ano, aplicações em fundos de renda fixa (referenciados no CDI, por exemplo) rendem 12,16% ao ano.
Somam-se a queda da renda e o aumento do desemprego, que levam os poupadores a tirar o dinheiro a para as despesas ou dívidas.