1 bilhão de euros em bônus da dívida externa brasileira foram emitidos ontem pelo Tesouro Nacional com juros de 2,875% ao ano e spread de 165 pontos-base sobre os midswaps (referência para juros em euro) de sete anos. A taxa de retorno para o investidor ficou em 2,961% ao ano. A operação registrou o menor custo de captação e o spread mais baixo para títulos nesta moeda na série histórica.
Projeção
Banco Central prevê inflação acima de 6% e PIB a 2% neste ano
O Banco Central (BC) elevou sua projeção para a inflação em 2014 de 5,6% para 6,1%. Ao mesmo tempo, reduziu a estimativa de crescimento da economia de 2,3% para 2,0%. Os dados estão de acordo com aquilo que o BC apontou como fato na experiência brasileira: nos períodos de inflação alta, em geral, a taxa de crescimento foi baixa. "O caminho da prosperidade passa por taxas de inflação baixas e estáveis", disse Carlos Hamilton, diretor de Política Econômica do BC. Se os números se confirmarem, será o segundo ano seguido de alta de preços superior ao ano anterior em 2013, o índice subiu 5,9%. E o 5º ano de IPCA acima do centro da meta (4,5%).
Entre os motivos para a revisão estão aumento dos alimentos, inflação acima da esperada nos últimos meses e reajustes maiores de tarifas. O BC destacou, por exemplo, a alta esperada de 9,5% na conta de luz neste ano.
Depois de reclamar do rebaixamento da nota do Brasil pela agência de classificação de risco Standard & Poor's, o governo divulgou ontem um buraco nas contas do Tesouro Nacional em fevereiro. No mês passado, os gastos federais com pessoal, programas sociais, custeio administrativo e investimentos superaram em R$ 3,1 bilhões a arrecadação de impostos e outras receitas. Isso significa que, em vez de poupar para o abatimento de sua dívida, o Tesouro Nacional precisou tomar dinheiro emprestado para bancar suas despesas cotidianas e as obras públicas.
Acompanhe a situação das contas públicas
É o que se chama, em economês, de déficit primário. O resultado contrasta com a promessa, feita para convencer os investidores de que não haverá descontrole das contas neste ano eleitoral, de poupar fazer um superávit primário R$ 80,8 bilhões até dezembro.
No acumulado do primeiro bimestre, as contas do governo registram um superávit de R$ 9,9 bilhões, ou 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB), bem abaixo dos R$ 19,7 bilhões do período correspondente de 2013 ano encerrado com o menor superávit desde 1998.
Os números apontam que o governo Dilma Rousseff mantém os gastos em alta e se apoia em previsões perigosamente otimistas para a arrecadação de impostos. Nos dois primeiros meses do ano, as despesas cresceram 15,5% e somaram R$ 158,5 bilhões, enquanto as receitas, de R$ 168,3 bilhões, subiram apenas 7,3%. De positivo, houve queda no déficit da Previdência Social, de R$ 9,6 bilhões para R$ 7,2 bilhões no período.
A arrecadação total do governo, porém, decepcionou. Os resultados só não foram piores porque o Tesouro extraiu R$ 2,9 bilhões dos lucros das estatais para engordar seu caixa. Manobras do gênero foram citadas pela agência de risco ao explicar a decisão de rebaixar a nota brasileira.
Sem os dividendos, o déficit de fevereiro teria ficado pouco abaixo dos R$ 6,6 bilhões de fevereiro de 2013, o maior, em valores nominais, desde o Plano Real.
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