No ano passado, os depósitos em poupança superaram os saques, gerando captação líquida de R$ 71,047 bilhões, resultado recorde em toda a série histórica iniciada em 1995. O dado foi divulgado nesta terça-feira (7) pelo Banco Central (BC). Em 2012, a captação líquida ficou em R$ 49,719 bilhões.
Em dezembro de 2013, a captação de R$ 11,201 bilhões também é recorde para todos os meses da série histórica do BC. No período, os depósitos chegaram a R$ 148,506 bilhões e as retiradas totalizaram R$ 137,304 bilhões. Foram creditados rendimentos no total de R$ 3,012 bilhões. No último mês de 2012, a captação ficou em R$ 9,205 bilhões.
Ao final do ano passado, o saldo da poupança ficou em R$ 597,943 bilhões. Desse estoque total, R$ 466,788 bilhões são do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) e R$ 131,154 bilhões da poupança rural.
A poupança tem rendimento de 0,5% ao mês (6,17% ao ano) mais Taxa Referencial (TR). Esse é o rendimento definido pelo governo sempre que a taxa básica de juros, a Selic, estiver acima de 8,5% ao ano. Atualmente, a taxa está em 10% ao ano e deve continuar a subir. A previsão de instituições financeiras é que Selic feche 2014 em 10,5% ao ano.
Essa forma de cálculo do rendimento da poupança foi definida pelo governo em 2012. Por essa regra, sempre que a taxa básica for igual ou inferior a 8,5% ao ano, a caderneta rende 70% da Selic mais a TR.
Remuneração da poupança cresce 49% em 12 meses
O aumento promovido pelo Banco Central na taxa básica de juros (Selic) em 2013 e a expectativa de novas elevações já contribuíram para elevar em quase 50% a remuneração dos depósitos na caderneta de poupança. No início de 2013, as aplicações feitas dentro da regra criada em maio do ano anterior chegaram ao piso de 0,4134% ao mês.
Os investimentos com aniversário no começo de 2014 já apresentam rentabilidade de 0,6155% ao mês, porcentual fixado pelo Banco Central (BC) para 6 de janeiro deste ano. Isso representa uma remuneração 49% maior em apenas 12 meses. No mesmo período, uma aplicação corrigida pela Selic, por exemplo, passou a render 38% mais.
O aumento no índice de correção da poupança é explicado por dois fatores: o fim da aplicação da regra criada pelo governo Dilma Rousseff para tirar atratividade da caderneta e o aumento da Taxa Referencial (TR).
A forma de cálculo criada em 2012 para a caderneta só se aplica quando a taxa básica de juros for igual ou menor que 8,5% ao ano. Nesse caso, o rendimento passa a ser 70% da Selic mais a Taxa Referencial (TR) para depósitos feitos a partir de 4 de maio de 2012. Desde setembro do ano passado os juros estão acima desse patamar, o que faz com que o rendimento seja igual para todos os depósitos: remuneração fixa de 0,5% ao mês mais TR. Atualmente, a Selic está em 10% ao ano.
A alta dos juros e a expectativa de novos aumentos da Selic também contribuem para que a TR fique mais alta. Essa taxa, calculada com base na taxa média dos CDBs prefixados de 30 dias, era zero no primeiro semestre de 2013 e vem subindo desde então.
A caderneta rendeu 5,85% em 2013, perdendo apenas para o dólar (15,5%) entre as principais aplicações. Também superou a rentabilidade da maioria das outras aplicações em renda fixa, algumas inclusive com rentabilidade negativa em 2013, como os títulos de prazo mais longo do Tesouro Direto.
Captação
A melhora na rentabilidade da poupança, que superou os índices de inflação já divulgados e deve ficar acima também do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), segundo expectativa do mercado, é um dos fatores que ajudam a explicar a captação recorde de recursos no ano passado.
Segundo dados do BC, os depósitos feitos durante o ano passado na poupança superaram os saques em R$ 71,0 bilhões. O resultado representa aumento de 43% em relação ao recorde anterior, de 2012, quando a captação ficou positiva em R$ 49,7 bilhões.
Somente em dezembro, a captação ficou positiva em R$ 11,2 bilhões. Esse é o maior valor para todos os meses da série histórica do BC, que começa em janeiro de 1995. O recorde anterior era de junho de 2013 (R$ 9,45 bilhões).