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Curitiba – O secretário de Agricultura em exercício, Newton Pohl Ribas, disse ontem que técnicos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) "sugeriram" ao governo do Paraná assumir a existência de focos de febre aftosa no rebanho bovino do estado, apesar de todos os exames realizados até agora terem dado resultado negativo para a doença. A alegação apresentada, segundo Ribas, era de que, com isso, "seria mais fácil para o ministério" em seu trabalho de "resgate da imagem do Brasil" no mercado internacional de carnes.

As declarações do secretário foram feitas por volta das 13 horas, no Palácio Iguaçu, após reunião dos membros do Conselho Estadual de Sanidade Agropecuária (Conesa). Antes, o governador em exercício, Orlando Pessuti, afirmou desconhecer a suposta pressão do ministério.

A proposta teria sido feita ao próprio Ribas e a outros técnicos da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Paraná (Seab), por "técnicos de segundo escalão" do ministério, numa reunião na sede do órgão, em Brasília, no último dia 9. Ribas não quis revelar o nome desses técnicos e afirmou que nem o ministro Roberto Rodrigues e nem o secretário Nacional de Defesa Agropecuária, Gabriel Maciel, participaram do encontro, realizado a pedido do ministério.

Surpreendido com a proposta, Ribas disse que a recusou. Depois, informou o governador Roberto Requião (PMDB), que teria apoiado a decisão dele. Veterinário, Newton Ribas é o diretor-geral da Seab. Viajou a Brasília nessa condição no último dia 9. Atualmente é o titular da pasta porque o vice-governador e secretário, Orlando Pessuti, ocupa o cargo de governador, em substituição a Requião, que está em viagem à Venezuela.

O objetivo do Mapa, ao fazer a proposta, seria resolver rapidamente a questão, contribuindo para a remoção dos embargos à carne brasileira imposta por 49 países desde a confirmação do primeiro de 22 focos de febre aftosa em Mato Grosso do Sul, em 10 de outubro. A Organização Internacional de Saúde Animal (OIE) determina que, em caso de confirmação laboratorial da doença, os animais na área do foco sejam sacrificados. O sacrifício sanitário, somado a outras medidas, pode liberar as exportações num prazo de seis meses.

A suspeita de que a doença teria chegado ao Paraná foi divulgada em 21 de outubro, depois que 19 animais oriundos de Mato Grosso do Sul e vendidos a pecuaristas paranaenses apresentaram os sintomas típicos de aftosa. Dezenas de análises em material coletado desses animais, realizadas desde então pelo Laboratório Nacional Agropecuário (Lanagro), em Belém (PA), deram resultado negativo.

Mesmo assim, o ministério não aceitou o resultado como conclusivo e exigiu novos exames. Atualmente, há 16 amostras de soro em análise no laboratório, que pertence ao ministério. A promessa é de que os resultados sejam divulgadas em até cinco dias.

Quando os primeiros resultados negativos foram divulgados, o ministro Roberto Rodrigues chegou a dizer que "seria melhor" para o país se a doença fosse confirmada no Paraná.

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