Curitiba O Paraná terá um prejuízo mensal de US$ 24,8 milhões com a ampliação do embargo russo às carnes brasileiras de bovinos, suínos e frango, anunciado ontem para vigorar a partir do dia 13. O cálculo é do Sindicarnes, entidade que representa os frigoríficos do estado. Cerca de 75% das exportações de carne bovina do Paraná, que somam U$ 7,5 milhões/mês, serão comprometidas. "Os prejuízos podem ser ainda maiores se estados brasileiros deixarem de comprar as carnes paranaenses", diz Gustavo Fanaya, economista do Sindicarnes. Das carnes de boi produzidas no estado, 15% são vendidas ao mercado externo, 22% a outros estados brasileiros e 63% consumidas internamente.
Suínos
A situação da suinocultura é ainda pior. O Paraná exporta hoje U$ 16 milhões/mês de carne de porco. Com o embargo da Rússia o estado vai deixar de exportar U$ 14,2 milhões/mês, ou seja 89%. "Os reflexos na economia serão imediatos. As empresas exportadoras terão que demitir, e os produtores terão prejuízos enormes. Com o excedente de animais no mercado interno o preço vai despencar", completa Fanaya.
O embargo russo às carnes de frango não será tão devastador para os produtores, com prejuízos de U$ 5 milhões/mês, de um total de U$ 81,5 milhões/mês exportados principalmente para a União Européia e países do Oriente Médio.
O embargo russo à carne brasileira começou em outubro, quando foram anunciados focos de febre aftosa no Mato Grosso do Sul. O país suspendeu as importações de carne dos estados de Mato Grosso do Sul, Amazonas e Pará. Com a confirmação do Ministério da Agricultura de um foco no Paraná, nessa semana, as restrições russas foram ampliadas e agora atingem, além do Paraná, os estados de Mato Grosso, Goiás, São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Segundo o Ministério da Agricultura, há um foco de febre aftosa na Fazenda Cachoeira, que tem 2.212 cabeças de gado no município de São Sebastião da Amoreira, Norte do estado. Do total de animais dessa propriedade, 209 tinham vindo da fazenda onde foi encontrado o primeiro foco, no município de Eldorado (MS).
Desde que a doença foi confirmada, 52 países anunciaram embargos totais ou parciais às exportações de carnes brasileiras. Antes da confirmação de casos da doença no Paraná, alguns países tinham se comprometido a rever as barreiras contra as carnes brasileiras.
Apesar da crise, as exportações de carne bovina devem bater recorde em 2005, segundo a Confederação Nacional da Agricultura (CNA). As vendas devem ficar em torno de US$ 3 bilhões, contra US$ 2,5 bilhões em 2004. Sem aftosa, segundo a CNA, o valor das exportações neste ano chegaria a US$ 3,2 bilhões.
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