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PR quer atrair R$ 10 bilhões em 2013

Obras para construção da fábrica da montadora de caminhões Paccar, em Ponta Grossa: interiorização dos investimentos ainda é desafio para o Paraná. Fundo pode ajudar na interiorização | Luciano Mendes/ Gazeta do Povo
Obras para construção da fábrica da montadora de caminhões Paccar, em Ponta Grossa: interiorização dos investimentos ainda é desafio para o Paraná. Fundo pode ajudar na interiorização (Foto: Luciano Mendes/ Gazeta do Povo)
Caminhão da Sinotruk: de Campina Grande do Sul para Lages |

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Caminhão da Sinotruk: de Campina Grande do Sul para Lages

Os primeiros dois anos de vigência do programa de incentivo Paraná Competitivo, que entrou em vigor em janeiro de 2011, devem fechar com R$ 20 bilhões em investimentos. Para 2013, a previsão é que o estado possa atrair entre R$ 7 bilhões e R$ 10 bilhões para instalação de novas empresas ou ampliações, segundo projeção da Secretaria da Indústria, Comércio e As­sun­tos do Mercosul.

"Há muita negociação em andamento em diversos segmentos. Ainda estamos fazendo os cálculos para estabelecer nossa meta. Mas esse número pode variar entre R$ 7 bilhões e R$ 10 bilhões. Vai depender também do ritmo de crescimento da economia e do andar da crise na Europa ", diz o secretário de indústria e comércio, Ricardo Barros.

A ideia é incentivar a instalação de fábricas no interior e o governo estuda a criação de um fundo regional para bancar parte dos projetos que forem para o interior do estado.

Dos R$ 20 bilhões anunciados até agora, 65% estão concentrados na região de Curitiba e dos Campos Gerais "O interior atraiu 70% das empresas, mas em valor os investimentos ainda são menores, com exceção da Klabin". A fabricante de papel comanda atualmente o maior investimento privado no estado, de R$ 6,8 bilhões, em Ortigueira, na região dos Campos Gerais.

Para driblar a preferência das empresas por regiões próximas a Curitiba, a secretaria estuda compensar eventuais aumentos de custos para a instalação no interior. "O fundo cobriria a diferença entre o custo de produzir na região de Curitiba e no interior, por exemplo", afirma. Por enquanto, segundo Barros, o projeto ainda está em estudo e negociado internamente no governo. Não está definido qual seria o montante que o fundo poderia bancar para as empresas e nem em que momento ele poderá virar um projeto de lei. "Tem de ser uma decisão política", diz.

O Paraná, segundo Barros, disputa investimentos principalmente com os estados de Santa Catarina e Minas Gerais e, em menor escala com o Rio de Janeiro e Espírito Santo.

Essa é segunda tentativa de criar um mecanismo para atrair investimentos mais robustos para o interior. Na primeira vez, a proposta era reduzir o ICMS para alguns municípios, mas a ideia esbarrou na necessidade do estado manter seus níveis de arrecadação e por ferir os princípios de isonomia.

Uma das questões que afasta investimentos do interior é a logística de transporte. O custo de frete para transportar um contêiner do porto de Paranaguá para a Região Metropolitana de Curitiba é de R$ 1,2 mil. Para Maringá, esse valor sobe para R$ 2,8 mil.

A norte-americana Cargill, por exemplo, recusou a oferta de municípios do Norte do Paraná, que são grandes produtores de milho, e optou por instalar um fábrica de processamento do grão em Castro, nos Campos Gerais por conta da facilidade de escoamento da produção.

Montadoras opõem governo e sindicato

Apesar de computar R$ 20 bilhões em projetos de investimentos até agora, o Paraná perdeu para outros estados três grandes investimentos de montadoras de automóveis e caminhões. A Nissan, que divide uma unidade industrial com a Renault em São José dos Pinhais, na região de Curitiba, está investindo R$ 2,4 bilhões em uma fábrica Resende, no Rio de Janeiro. A BMW vai gastar R$ 528 milhões para erguer sua primeira linha de produção no Brasil em Araquari (SC) e a fabricante de caminhões Sinotruk investirá inicialmente R$ 300 milhões em Lages, também em Santa Catarina. A empresa tem hoje um centro operacional em Campina Grande do Sul, na região metropolitana de Curitiba, e a cidade era candidata forte a receber o projeto, mas acabou derrotada na disputa.

Para o secretário de Indús­tria, Comércio e Assuntos do Mercosul, Ricardo Barros, políticas mais agressivas de incentivos desses estados e negociações mais duras que as indústrias vêm enfrentando com o sindicato de metalúrgicos contribuíram para afugentar os investimentos. " O sindicalismo selvagem, mais agressivo, assusta as empresas. Foi o que ocorreu com a alemã BMW, que viu o que aconteceu com a conterrânea Volkswagen, que teve que enfrentar uma greve de 30 dias no Paraná e suspendeu novos investimentos aqui", diz. Além disso, segundo ele, especialmente Santa Catarina adota planos mais arrojados de incentivo. "Lá o governo pode aportar recursos no projeto, se tornando sócio da empresa", diz. O Paraná já fez isso no passado, quando a Renault se instalou no estado.

Para o secretário geral do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, Jamil D´Avila, o governo está equivocado ao atribuir a culpa às negociações sindicais. "Esses investimentos também não foram para o interior, onde o nosso sindicato não tem representação. Foram para outros estados. Não faz sentido fazer essa relação", diz. Segundo ele, o fato de a região de Curitiba ter a menor taxa de desemprego do país e como consequência maior pressão por mão de obra também pesou na decisão da Nissan de ir para o Rio. "A empresa também teria que dobrar a fábrica e é preciso levar em consideração que o Sudeste é um mercado estratégico, que responde por metade das vendas do país" diz. Para ele, os elevados custos do pedágio na rodovia que vai até o porto de Paranaguá também teriam contribuído para que a BMW e a Sinotruk escolhessem Santa Catarina.

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