O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, afirmou na noite desta quarta-feira (13) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) orientou o conselho da companhia a reter o pagamento de dividendos extraordinários. Prates destacou que não houve “intervenção indevida”, argumentando que o governo é o maior acionista da petroleira.
“É legítimo que o CA [conselho de administração] se posicione orientado pelo Presidente da República e pelos seus auxiliares diretos que são os ministros. Foi exatamente isso o que ocorreu em relação à decisão sobre os dividendos extraordinários”, disse o presidente da estatal em publicação no X.
Na semana passada, a Petrobras anunciou que não pagará dividendos extraordinários. A iniciativa frustrou acionistas e fez com que a empresa perdesse R$ 55,3 bilhões em valor de mercado, no último dia 8, em meio ao temor de interferência política na companhia.
Na segunda (11), Prates chegou a dizer que a retenção dos dividendos extraordinários não tinha sido uma ordem de Lula. “O presidente não deu nenhuma ordem sobre a questão dos dividendos. Nós estamos discutindo isso com o acionista majoritário dentro dos espaços possíveis. Houve uma discussão a tempo do anúncio do balanço, havia necessidade de fechar o balanço. E foi definido que a gente adiaria a discussão”, afirmou em entrevista ao portal g1 na ocasião.
Na nova manifestação, ele apontou que o “mercado ficou nervoso esperando dividendos sobre cuja decisão foi meramente de adiamento e reserva”. Para Prates, falar em intervenção na Petrobras é “querer criar dissidências, especulação e desinformação”.
“É preciso de uma vez por todas compreender que a Petrobras é uma corporação de capital misto controlada pelo Estado Brasileiro, e que este controle é exercido legitimamente pela maioria do seu Conselho de Administração. Isso não pode ser apontado como intervenção! É o exercício soberano dos representantes do controle da empresa”, disse.
“Somente quem não compreende (ou propositalmente não quer compreender) a natureza, os objetivos e o funcionamento de uma companhia aberta de capital misto com controle estatal pode pretender ver nisso uma intervenção indevida”, acrescentou o presidente da companhia.
Após a repercussão da decisão sobre os dividendos, Lula se reuniu com Prates e com os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Rui Costa (Casa Civil) na tarde de segunda (11). Silveira destacou que a retomada do pagamento dos dividendos extraordinários poderá ser avaliada “no momento oportuno”. O chefe do Executivo declarou, antes do encontro, que a Petrobras não deve pensar apenas nos acionistas e criticou a "choradeira do mercado".
“Vamos voltar à razão e trabalhar para executar, eficaz e eficientemente, o Plano de Investimentos de meio trilhão de reais que temos pelos próximos cinco anos à frente, gerar empregos, renda, pesquisa, impostos e também lucro e dividendos compatíveis com os nossos resultados e ambições”, ressaltou Prates nas redes sociais.
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