Depois de três anos sem grandes novidades, um novo IPO (sigla em inglês para Oferta Pública Inicial de ações) reaqueceu o interesse de pequenos e grandes investidores na Bovespa. A abertura de capital da BB Seguridade, empresa de seguros, previdência e capitalização do Branco do Brasil, promete movimentar a bolsa brasileira e deve ser a maior estreia de abertura de mercado desde a oferta de R$ 14 bilhões do Santander, em 2009. Com uma oferta inicial de 675 milhões de ações a um preço indicado entre R$ 15 e R$ 18, estima-se que a arrecadação da empresa pode chegar a R$ 12,15 bilhões. O período de reserva para investidores de varejo termina amanhã. O preço das ações será definido na quarta-feira.
No prospecto que distribuiu ao mercado, a BB Seguridade afirmou ter objetivo de ganhar em escala nas atividades de seguros, capitalização e previdência, além de obter redução de custos e despesas no segmento.
IPO com moderação
Mesmo badalada, a estreia da BB Seguridade exige atenção. De acordo com Carlos Magno Bittencourt, professor de Economia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), aplicar no mercado de capitais sempre é arriscado, ainda mais em papéis que nunca foram testados no mercado. "É um mercado que exige conhecimento e é suscetível às oscilações da companhia e da macroeconomia", afirma.
Por outro lado, Bittencourt projeta no mercado de previdência e seguros um ramo promissor, com tendência de crescimento. "Com a fragilidade da previdência social e o aumento da expectativa de vida, há uma campanha forte pela adesão da aposentadoria privada. O eventual bom desempenho comercial de uma empresa se reflete nas suas ações, o que neste caso seria um bom negócio", completa.
O professor do Instituto de Economia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Augusto Hilário, acredita que o teto estipulado pelo papel da BB Seguridade está acima do preço de mercado e que este não é o melhor momento para adquiri-las. "Em tese, o preço anunciado não condiz com o valor de mercado, mas pela ausência de IPOs, pode ser que tenha uma atração acima do normal", pondera.
Suspensão
Ao longo da semana passada, a operação foi temporariamente suspensa pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Dois gerentes do Banco do Brasil enviaram emails avisando 60 clientes sobre a oportunidade de compra das ações, sem aprovação prévia da comissão. Na oportunidade, a mensagem foi considerada publicidade irregular. A suspensão, no entanto, foi revogada e o cronograma adaptado.