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Pré-sal alimenta ambições de Pontal

Carlos de Souza (à direita): “Minha esperança é ver meu bar movimentado e meu filho trabalhando nessas empresas." | Angel Salgado/Gazeta do Povo
Carlos de Souza (à direita): “Minha esperança é ver meu bar movimentado e meu filho trabalhando nessas empresas." (Foto: Angel Salgado/Gazeta do Povo)

A geração de mais de 5 mil empregos diretos e a projeção de dobrar a arrecadação do município em um curto espaço de tempo deixam a prefeitura e a população de Pontal do Paraná, litoral do estado, ansiosas pela instalação de empresas ligadas à indústria petrolífera e à exploração do pré-sal. Com encomendas de R$ 1 bilhão feitas pela OSX, do empresário Eike Batista, a multinacional italiana Techint vai retomar as atividades no seu estaleiro, que será transformado em uma unidade industrial. Além disso, outras três empresas aguardam licenças ambientais para se instalar no município, segundo o governo estadual: a Subsea 7, que já anunciou investimentos de R$ 100 milhões em uma unidade de montagem de dutos flexíveis, a Odebrecht e a Queiroz Galvão Óleo e Gás.

"O município de Pontal do Paraná já estava se preparando. Nós adequamos o plano diretor para não perder espaço para outros estados", afirma o prefeito, Rudisney Gimenes (PMDB).

A expectativa de prosperidade é notada em todos os setores da economia local. No setor imobiliário, a corretora de imóveis Adriana Dias passou as últimas semanas atendendo as ligações de interessados em alugar e comprar imóveis próximos ao balneário de Pontal do Sul, onde já está instalado o estaleiro da Techint. "Estamos surpresos e animados com a projeção de crescimento do setor por aqui. Fora de temporada nunca tivemos uma procura tão alta como agora", disse.

Embora haja imóveis sobrando neste momento, a tendência, segundo a corretora, é que os preços dos aluguéis sofram reajustes de até 15% nos próximos meses. "O mercado imobiliário funciona assim. Quanto maior for a procura por um determinado local, mais caro ele tenderá a ficar", explica a corretora.

Os donos de imóveis nas praias estão aguardando o início do funcionamento das empresas para colocar suas propriedades à disposição dos interessados, segundo Adriana. "Em anos anteriores, as casas para alugar estavam todas disponíveis a partir de março. Desta vez, os proprietários estão aguardando a chegada dos funcionários das empresas", observou.

Emprego

Num lugar em que costuma haver vagas de trabalho somente na alta temporada, a população começa a acreditar que a economia do município possa ter "vida própria" durante o ano todo. "O comércio fica vazio de abril até novembro, por isso somos reféns da temporada. O despertar do município graças ao pré-sal nos faz sorrir com a esperança de um futuro melhor", diz o comerciante Ruben Karl.

Carlos de Souza, comerciante da praia de Pontal do Sul, alerta para o perigo do inchaço populacional que o município poderá vir a ter com a vinda de pessoas de outras regiões. "Todos vão passar a olhar a nossa pacata cidade como um local de oportunidades. Por isso, acredito que o município deva priorizar a contratação de gente da casa para trabalhar nessas empresas", diz o comerciante, ao lado do filho Lucas Silva, 15 anos. "Minha esperança é ver meu bar movimentado e meu filho trabalhando nessas empresas."

O prefeito de Pontal do Paraná sabe que é inevitável que alguns problemas sociais apareçam em razão do aumento da população – o município tem pouco mais de 20 mil habitantes. Mas explica que o aumento da arrecadação permitirá melhorar a infraestrutura da cidade. "É evidente que, com um número maior de pessoas, teremos de construir creches, escolas e postos de atendimento. Isso será compensado com o aumento da arrecadação", diz.

Pontal do Pré-Sal

O investimento da Techint é anunciado pelo governo do estado como sendo o primeiro resultado do programa "Pontal do Pré-Sal", lançado em abril pelo governador Beto Richa. Apesar de a administração estadual não revelar detalhes do programa, o secretário de Estado da Indústria e Comércio, Ricardo Barros, diz que a ação está baseada em três pilares; infraestrutura, logística e licenciamento ambiental.

"As licenças são o principal problema de quem quer produzir peças do pré-sal. Nós propomos agilidade na avaliação da documentação das empresas, claro, sem abrir mão das exigências da lei", ressalta Ricardo Barros. "Inclusive montamos um grupo especial no IAP [Instituto Ambiental do Paraná] para dar o parecer em menos tempo."

Sobre a possibilidade de a multinacional italiana receber incentivos fiscais, Barros afirma que o assunto ainda não foi tratado. "Não sei dizer se vai precisar", aponta. Ainda segundo o secretário, a necessidade de cumprir os prazos de construção das duas plataformas fixas completas encomendadas pela OSX foi o principal motivo da volta da Techint para o estado.

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