A primeira unidade programada para produzir em escala comercial no pré-sal da Bacia de Santos entra em operação hoje. O navio-plataforma Cidade de Angra dos Reis, afretado pela empresa Modec, na área de Tupi, é do tipo FPSO (unidade flutuante que produz, armazena e exporta petróleo e gás). Embora tenha capacidade para produzir até 100 mil barris de óleo por dia, a plataforma só deve atingir esse potencial em 2012 no ano que vem, produzirá, em média, 50 mil barris diários, segundo a empresa.
A unidade produzirá óleo leve de alto valor comercial e dará início ao sistema de produção definitivo do campo de Tupi que, por sua vez, coletará informações técnicas que serão usadas no desenvolvimento dos outros campos da bacia. "Estamos conciliando o objetivo de ganhar dinheiro com a coleta de informações", disse ontem o gerente executivo do pré-sal na Petrobras, José Miranda Formigli.
A nova plataforma está conectada, inicialmente, a um poço que será testado até que a Petrobras consiga, ainda neste ano, a declaração de comercialidade da jazida na Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Até lá, a interligação com outros oito poços perfurados na área cinco coletores e três injetores estará concluída, e a área de Tupi entrará então na fase de desenvolvimento da produção.
O sistema-piloto vai complementar os dados colhidos pelo teste de longa duração (TLD) feito pela FPSO Cidade de São Vicente desde maio de 2009. As informações servirão de base para a operação das demais unidades que vão operar no pré-sal, bem como subsidiar projetos de construção de poços e sistemas submarinos.
O consórcio que desenvolve a produção no bloco BMS-11, onde está o campo de Tupi, é formado pela Petrobras, que é a operadora, com 65% dos direitos exploratórios, o BG Group (25%) e a Galp Energia (10%).
Paraná
Formigli disse desconhecer iniciativas que pretendam usar a estrutura dos portos do Paraná como base de apoio das explorações do pré-sal da Bacia de Santos. Mas, segundo ele, fornecedoras de insumos de base e construção instaladas no Paraná podem se tornar referências nesse cenário. A Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) está de olho na demanda que pode surgir do pré-sal. Duas empresas europeias de engenharia naval têm planos de estaleiros na região.
Descoberta
A Petrobras anunciou ontem que a perfuração do primeiro poço em águas ultraprofundas da Bacia de Sergipe-Alagoas identificou a existência de "grandes acumulações" de petróleo leve nas porções mais distantes da bacia. Segundo a estatal, trata-se de uma nova fronteira exploratória.
A repórter viajou a convite da Petrobras.