O diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP) Haroldo Lima afirmou nesta sexta-feira (7) que a agência projeta um volume de reservas entre 50 bilhões e 70 bilhões de barris nas áreas já concedidas do pré-sal na Bacia de Santos. Até o momento, a Petrobras confirmou a existência de no máximo 12 bilhões de barris nos projetos Tupi e Iara. Outras seis descobertas da região ainda serão avaliadas pela estatal.
Lima afirmou que a agência fez sua projeção com base em dados geológicos e análises de especialistas sobre a região. "Havia uma previsão de um mínimo de 12 bilhões e de no máximo 70 bilhões de barris. Hoje, esperamos que no mínimo gire em torno de 50 bilhões, e no máximo, entre 70 e 80 bilhões. então há uma previsão de ficar entre 50 e 70 bilhões de barris", afirmou Lima, em entrevista após a posse de dois novos diretores da ANP, no Rio.
O volume de 50 bilhões - que representa quatro vezes as reservas atuais do Brasil - já havia sido citado por Magda Chambriard, em seu discurso de posse. "Não sabemos quais as conseqüências para o Brasil. É uma mudança tão profunda, que não só modifica o panorama da geopolítica mundial como coloca o Brasil em grandes condições de desenvolver uma indústria fornecedora (para o setor de petróleo)", disse.
Segundo ele, a ANP fez algumas simulações tomando como base o campo de Marlim, maior produtor nacional de petróleo, e chegou à projeção de que serão necessários mais ou menos 500 poços para desenvolver as reservas do pré-sal. "Isso daria cinco mil quilômetros de poços com aço especial. Poderíamos trabalhar com a idéia de deixar de ser um grande exportador de minério para passarmos a ser grande produtor de aço para abastecimento do mercado interno. Isso implicaria em termos grandes investimentos em siderurgia", disse Lima.
O diretor-geral da ANP lembrou que suas projeções foram feitas sobre a área já concedida do chamado cluster de Santos, onde apenas 43% da área está sendo explorada por petroleiros. O restante ainda depende da nova regulamentação do pré-sal.
Lima avalia que a queda do preço do petróleo não inviabiliza os investimentos no setor, que são planejados levando em conta preços de longo prazo. "O plano do pré-sal é estratégico, não pode ser menos de dez anos. E por isso, não sofre tanto com os efeitos da crise", disse Lima, voltando a calcular em US$ 35 a US$ 40 o preço do barril que viabiliza o pré-sal.
Marco regulatório
O ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, afirmou nesta sexta que na próxima reunião da Comissão Interministerial que discute o marco regulatório deverá ser definida a proposta a ser encaminhada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo ele, isso só não ocorreu na última reunião, na segunda-feira, porque a Petrobras pediu para fazer "uma apresentação técnico-geológica".
"Foi uma apresentação bastante esclarecedora, para dar mais embasamento ao que vamos encaminhar ao presidente", disse o ministro, comentando que todos os membros da comissão ficaram "empolgados" com o que viram. Ele não informou a data da próxima reunião.
Ainda segundo Lobão, as várias opções de regulamentação do pré-sal farão parte uma listagem, com a respectiva avaliação dos membros da comissão. Ele completou ainda que a premissa básica de não haver quebra do contrato será mantida em todas as alternativas e não haverá prejuízo ao cronograma previsto para o processo de exploração e produção na região do pré-sal.
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