Preço baixo afasta UEG de leilão

A Copel desistiu de participar, como vendedora, do leilão realizado ontem pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que negociou a energia que será fornecida a partir de 2012. A estatal havia inscrito a Usina Elétrica a Gás de Araucária (UEG Araucária) para a disputa mas, como já havia ocorrido no leilão anterior, de julho, considerou o preço máximo da energia muito baixo. Com a desistência, a UEG só deve voltar a negociar energia nos dois leilões de 2008, para fornecimento em 2011 (leilão A-3) e 2013 (A-5).

"Em usinas térmicas, como é o caso da UEG, o preço de venda da energia é preponderante para que elas participem ou não do leilão", disse ontem o assistente da diretoria de geração e transmissão de energia da Copel, José Danilo Tavares. "A Copel considerou que o melhor é aguardar outras oportunidades."

O preço-teto estabelecido pela Aneel para a energia de termelétricas foi de R$ 141 por megawatt-hora (MWh) – apenas R$ 1 a mais que o preço-teto do leilão A-3, de julho, que negociou energia para 2010. Naquela ocasião, a UEG e outras três termelétricas movidas a gás natural inscritas para o leilão desistiram da disputa, e a Copel afirmou que o preço de venda era inferior ao custo de geração da energia. No leilão de ontem, a participação de térmicas movidas a gás natural também foi discreta: das seis inscritas, apenas uma vendeu energia, a R$ 129,34 por MWh.

No ano que vem, a Aneel vai realizar pelo menos dois leilões, mas é possível que os valores para as termelétricas voltem a cair, afastando a UEG da disputa. "O leilão [de ontem] foi de grande sucesso, com muita disputa na etapa térmica, o que possibilitou preços bastante baixos. Nota-se que o preço da energia de termelétricas vem baixando a cada vez que se realiza um novo leilão", disse em nota o presidente da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), Antônio Machado.

Arrendamento

Controlada pela Copel, que detém 80% de seu capital, a UEG está arrendada à Petrobras (dona dos outros 20%) desde janeiro. O contrato de "locação" vai até dezembro e pode ser renovado por mais 12 meses – o que é bastante provável, segundo Tavares, assistente da diretoria da empresa paranaense. O aluguel da usina é vantajoso para a Copel. A companhia recebe cerca de R$ 4 milhões por mês mesmo que a UEG não opere e, dependendo do número de horas que a usina funcionar, o valor pago mensalmente pela Petrobras pode chegar a R$ 16,3 milhões.

Entre junho e setembro, a termelétrica funcionou quase todos os dias em potência máxima, para exportar energia para a Argentina, que sofria uma crise de abastecimento. Segundo o Operador Nacional do Sistema (ONS), a UEG segue funcionando, em ritmo mais moderado, atendendo ao mercado brasileiro.

Compra

No leilão de ontem, a Copel Distribuição comprou 29,2 milhões de MWh para o período entre 2012 e 2042 – foi a quarta maior compradora entre as 31 companhias participantes do leilão. Cinco hidrelétricas e cinco termelétricas venderam um total de 2.312 MW médios, superando em 10% a demanda das distribuidoras. O preço médio geral foi de R$ 128,33 por MWh. Para Maurício Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) do governo federal, a queda nos preços deve beneficiar o consumidor final.