Os preços em baixa de bens duráveis, como eletrodomésticos, microcomputadores e automóveis, vêm impulsionando as vendas do varejo, mesmo após as medidas de contenção ao crédito e aumento das taxas de juros. "As atividades nas quais há deflação vêm crescendo (nas vendas), mesmo com as restrições do crédito", disse o gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Reinaldo Pereira. "O preço vem beneficiando o comércio".
A atividade de Móveis e eletrodomésticos registrou alta de 16,3% no volume de vendas em relação a junho do ano passado, sendo responsável pela principal contribuição (37%) do resultado das vendas do varejo no período, que foi de 7,1%. No acumulado do ano, a taxa foi de 17,7% e nos últimos 12 meses, de 17,1%. O bom resultado é explicado pela manutenção do crescimento do emprego e do rendimento, assim como pela queda dos preços dos eletrodomésticos. Os aparelhos eletrônicos ficaram 5,8% mais baratos nos últimos 12 meses, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
A atividade de Veículos, motos, partes e peças registrou crescimento de 13,2% em relação a junho de 2010, acumulando no semestre e nos últimos doze meses variações de 12,1% e 14,2%, respectivamente. A redução de preços dos veículos novos, de 3,8% em 12 meses pelo IPCA, em função da concorrência, também impulsionou as vendas.
"Observando o prazo de um ano, verificamos que os preços vêm beneficiando a venda dos produtos dessas atividades e isso fazendo com que o comércio como um todo apresente resultados positivos, inclusive no caso da análise trimestral, esse segundo trimestre foi melhor do que o primeiro trimestre de 2011".
Outro setor beneficiado pelos preços mais baixos é o de Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação, responsável pelo quarto maior impacto na formação da taxa global de vendas no varejo (13%). Houve aumento de 34,3% no volume de vendas em junho, na comparação com igual mês do ano anterior, e taxas acumuladas no semestre de 14,6% e nos últimos 12 meses de 18,7%. Trata-se da atividade com o maior patamar de crescimento em junho ante maio, de 9,1%. A redução de preços foi de 13,6% para microcomputadores e de 6,1% em aparelhos telefônicos, nos últimos 12 meses, segundo o IPCA.
"Além de você ter câmbio influenciando - a maior parte dos componentes é importada, quando não o produto inteiro -, no caso da informática ainda tem o incentivo governamental com redução de imposto para a venda de microcomputadores para a diminuição da exclusão digital, para que as pessoas de baixa renda tenham acesso à internet. É uma coisa que também influencia para baixo o preço", disse o gerente do IBGE.
Alimentos
Em um comportamento distinto ao de automóveis, eletroeletrônicos e outros produtos impulsionados por preços mais baixos, os valores mais altos dos alimentos travaram o ritmo de vendas da atividade de Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios bebidas e fumo. A queda foi de 0,1% em junho ante maio. Mas o grupo ainda registrou um aumento de 2,7% no volume de vendas em junho, sobre igual mês de 2010, a segunda maior contribuição da taxa do varejo (18%), influenciado pelo aumento do poder de compra da população.
No entanto, o resultado abaixo da média é causado pelo aumento de 8,0% nos preços do grupo Alimentação no Domicílio, no período de 12 meses, contra uma inflação de 6,7% medida pelo IPCA. Nos primeiros seis meses do ano, a atividade de hipermercados apresentou crescimento de 3,9% e nos últimos 12 meses, variação de 5,8%.
"Os preços da alimentação aumentaram muito no início do ano. Agora é que estão começando a recuar. Então isso pode ter segurado um pouco a atividade de hipermercado", analisou Pereira.
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