Em dois anos, o preço médio dos apartamentos novos em Curitiba cresceu 39% e chegou a R$ 607.680. Olhando mais longe, do início da década para cá, o número de alvarás liberados para novas construções na capital paranaense triplicou e a quantidade de lançamentos imobiliários aumentou em seis vezes.
Mas essa expansão pode estar chegando ao limite. Com um estoque de ofertas nunca antes registrado são 9 mil apartamentos disponíveis, 44% deles colocados à venda em 2011 , o setor caminha para um período de estabilidade de preços e volume de empreendimentos, além de um cenário de alta competitividade.
Os dados são da pesquisa Perfil Imobiliário 2011, elaborada pela Brain Bureau de Inteligência Corporativa, consultoria especializada no setor, com exclusividade para a Associação dos Dirigentes do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi-PR) e para a Gazeta do Povo.
A estimativa dos analistas é de que a estabilidade deve chegar para valer dentro de seis meses a dois anos. No ano que vem, os preços devem ter um ritmo mais lento de valorização (entre 8% e 14%), assim como o número de obras a expectativa é de que sejam liberados entre 22 mil e 26 mil alvarás, após picos de 31.295 em 2010 e cerca de 28 mil neste ano. "Uma crise mais séria em 2012 pode afetar o Brasil, mesmo o país estando mais preparado que em 2008 para enfrentá-la. O mercado pode perder o dinamismo, mas não vai parar, mesmo porque trabalhamos com uma média de crescimento da economia brasileira em torno de 3,5% a 4%", avalia o economista Fábio Tadeu Araújo, sócio da Brain.
Embora os valores médios de Curitiba ainda estejam abaixo dos vistos em grandes capitais como São Paulo e Rio de Janeiro, já encostaram nos de cidades de tamanho e perfil demográfico semelhantes ou mesmo ultrapassaram, como no caso de Porto Alegre. Em outubro, segundo o Perfil Imobiliário 2011, o metro quadrado privativo de Curitiba estava em R$ 4.744. No mesmo mês, o valor médio em Porto Alegre estava em R$ 4.501 e, em São Paulo, em R$ 6.019, segundo pesquisa da Ibope Inteligência.
Há muito Curitiba deixou de ser o patinho feio do mercado imobiliário brasileiro, observa Araújo. "Os preços agora estão condizentes com o equilíbrio de mercado, porque o ciclo de demanda reprimida está se esgotando. A demanda está sendo saciada pelos imóveis que começaram a ser construídos em 2009 e 2010 e estão sendo entregues agora."
Desencontro
Imóveis de até R$ 200 mil, que eram tendência em 2009, agora têm menor participação (são 22% dos 9 mil apartamentos em estoque), perdendo para as unidades de padrão standard imóveis que, no jargão do mercado, custam de R$ 250 mil a R$ 400 mil. Ao mesmo tempo, a maior parte dos financiamentos da Caixa Econônica Federal na capital paranaense tem saído para famílias com renda de seis salários mínimos (R$ 3.270) ou mais. É quase o dobro rendimento médio do trabalhador da cidade, que está na faixa de R$ 1,7 mil.
Indústria de materiais cresceráno máximo 3%
A indústria de materiais de construção não avança no mesmo ritmo do mercado imobiliário. De janeiro a novembro, o setor cresceu apenas 2,5% em relação a 2010. "Nosso crescimento ficou bem abaixo da estimativa inicial de 9% e devemos fechar o ano com crescimento de 3%, no máximo. Nossa preocupação agora é com o próximo ano, por isso estamos pleiteando junto ao governo ações efetivas para garantir o crescimento do setor", disse o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), Walter Cover, em nota. Segundo ele, o baixo desempenho do setor em 2011, está relacionado à desaceleração das obras dos programas de governo (PAC e Minha Casa, Minha Vida), à restrição do crédito e ao crescimento das importações.