O momento não poderia ser melhor para o motorista curitibano que tem carro a álcool ou com motor flex. O preço do combustível para o consumidor ficou 13% mais barato nas três primeiras semanas de junho, de acordo com o último levantamento da Agência Nacional do Petróleo (ANP), e caiu ainda mais nesta semana. Ontem, em Curitiba, o litro do álcool estava sendo vendido em torno de R$ 1,179 10,1% abaixo da média de preço calculada pela agência na semana passada. Porém, esse pode ser o piso do combustível este ano. A tendência é que os preços parem de cair com o aumento, de 23% para 25%, na mistura compulsória de álcool anidro na gasolina, a partir de amanhã.
Os preços mais comuns para o álcool nos postos de combustível de Curitiba são R$ 1,199 e R$ 1,299, segundo um levantamento feito ontem em 24 postos de sete bairros da capital (Rebouças, Parolin, Hauer, Boqueirão, Alto Boqueirão, Vila Fanny e Xaxim). Mas também é possível encontrar o litro do combustível abaixo de R$ 1,10 nos postos.
Desde a última segunda-feira, o posto Fox, da Avenida Marechal Floriano (no Parolin), está vendendo o litro do combustível a R$ 1,089. A promoção só vale para pagamento em dinheiro. "Pagamos à vista e por isso repassamos um bom valor para o consumidor, mas só para pagamento em dinheiro", diz o gerente do posto, Humberto Ribeiro, que promete manter o preço baixo até segunda-feira. Na mesma rua, o posto Esso, em frente ao quartel do Boqueirão, vende álcool a R$ 1,099 o litro. Fora da região de concentração de revendedores, onde é menor a guerra de preços, o combustível custa até R$ 1,499.
A queda do preço do álcool no último mês é um reflexo atrasado do que aconteceu nas usinas a partir do fim de abril. Só em maio, de acordo com levantamento do Centro de Estudos Avançados de Economia Aplicada (Cepea) da Universidade de São Paulo, o álcool hidratado ficou 30% mais barato no produtor. "Creio que chegamos no fundo do poço, agora o preço não cai mais, porque já passou o mês estagnado nas usinas", diz o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis (Sindicombustíveis), Roberto Fregonese. Segundo ele, os postos vêm trabalhando com valores muito próximos aos que pagam às distribuidoras. "O preço do litro para nós está custando entre R$ 1,07 e R$ 1,12", informa.
A safra 2007/2008 de cana-de-açúcar, de 527,98 toneladas, é 11,2% maior do que a do ano passado. Como os preços internacionais do açúcar estão desaquecidos, houve uma opção maior pela destinação da cana para a produção de álcool: a previsão é de produção de 20 milhões de litros, um aumento de 14,54% em relação ao ano passado. "Essa expansão considerável na safra de cana tem contribuído para a queda do preço do combustível e ainda pode provocar leves quedas até o início do ano que vem", avalia o economista Raphael Castro, da LCA Consultoria.
O aumento da mistura compulsória de álcool anidro (sem adição de água) de 23% para 25%, a partir de amanhã, deve ajudar a frear a queda nos preços do álcool hidratado (aquele vendido nas bombas). O aumento compromete 2 bilhões de litros do combustível só para a mistura, o que reduz a oferta do álcool hidratado. "Isso deve manter os preços estáveis ou pequenos movimentos, para cima ou para baixo", prevê Castro. De acordo com Fregonese, o consumidor deve desfrutar dos preços atuais por pelo menos mais uma semana. "Leva uns 15 dias para o aumento da mistura compulsória começar a refletir nos preços", diz ele.
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