Depois de se manter em queda durante o mês de janeiro, o preço do álcool combustível voltou a subir em Curitiba na semana passada, e mantém a tendência de alta. Os valores cobrados na bomba estão variando entre R$ 1,75 e R$ 1,79 por litro na maioria dos postos, segundo o Sindicombustíveis, sindicato que representa a categoria. Há duas semanas, o preço médio na capital paranaense estava em R$ 1,731 por litro, passando a R$ 1,736 na semana passada, de acordo com levantamento da Agência Nacional do Petróleo (ANP) junto a 120 revendedores. Na média estadual, o valor está mais alto: na semana passada, o preço médio apurado junto a quase 700 postos em todo o estado foi de R$ 1,751.
O presidente do Sindicombustíveis, Roberto Fregonese, explica que o aumento em Curitiba que pode se estender ao restante do estado foi causado pelo fim das promoções das companhias distribuidoras, que compram o álcool nas usinas produtoras e o repassam aos postos. Segundo ele, as promoções evitaram que o aumento do combustível ocorresse há mais tempo, uma vez que o preço cobrado pelas usinas paranaenses está em alta desde a semana iniciada em 23 de janeiro.
O superintendente da Associação de Produtores de Álcool e Açúcar do Paraná (Alcopar), Adriano da Silva Dias, diz que a elevação dos preços é natural nesta época. "Estamos no pico da entressafra da cana-de-açúcar, e os estoques estão relativamente baixos." Embora sejam justificados pela relação entre oferta e demanda, os valores praticados pelas usinas estão acima do teto combinado há cerca de um mês com o governo federal (R$ 1,05 por litro).
Na prática, o acordo firmado em 11 de janeiro teve efeito por apenas duas semanas, quando o preço se manteve em cerca de R$ 1,04 após atingir até R$ 1,07 nos primeiros dias do ano (veja quadro). De acordo com o Departamento de Economia Rural e Extensão da Universidade Federal do Paraná (Dere/UFPR), o litro do álcool nas usinas do estado estava custando R$ 1,076 entre os dias 6 e 10 de fevereiro, com alta de 0,75% sobre a semana anterior.
"Esse acordo não tinha a menor possibilidade de ser cumprido. O país tem 320 usinas produtoras, cada uma com sua realidade, e não dá para combinar um preço único", avalia o economista Adriano Pires Rodrigues, diretor do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE).
Fregonese, do Sindicombustíveis, espera que até a colheita da cana que será adiantada de maio para março os postos "consigam manter os preços do álcool no atual patamar", mas lembra que "isso vai depender dos produtores". Para Vânia Guimarães, coordenadora do levantamento de preços do Dere/UFPR, uma eventual queda no consumo do combustível pode evitar novos aumentos. "Se o consumidor comprar menos álcool, o preço pode cair."
Nas últimas quatro semanas, o preço do álcool tem correspondido a cerca de 74% do valor da gasolina. Para quem tem carro bicombustível, só vale a pena encher o tanque com álcool quando essa relação for inferior a 70%.
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