O gás natural veicular (GNV) foi o único combustível cujo preço cresceu em 2007. Até outubro, o reajuste acumulado medido pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC) foi de 10,25%. No período, a inflação acumulada, pelo mesmo indicador, está em 3,6%. Segundo matéria de O Globo, todos os outros combustíveis apresentaram queda, sendo o álcool o que teve maior redução, de 10,61%. Diante da crescente demanda pelo gás natural e da necessidade de corte do fornecimento do insumo às distribuidoras pela Petrobras na terça-feira, o presidente da estatal, José Sergio Gabrielli, afirmou, em Nova York, que é preciso "desestimular" o consumo.

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Entre 2003 e 2005, a Petrobras manteve o preço do gás congelado para fomentar o consumo. Desde então, a demanda pelo insumo cresce a quase 20% ao ano. Isso foi necessário porque, na época, havia excesso de oferta.

Mesmo com a alta acumulada no ano, o GNV é mais barato que seus concorrentes. A exceção é o álcool. Segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), em outubro, o preço médio do GNV no país foi de R$ 1,359, enquanto que a gasolina ficou em R$ 2,479, o diesel em R$ 1,856 e o álcool em R$ 1,321. Os preços referem-se ao período de 1 a 25 de outubro, antes, portanto, do corte de gás da Petrobras às distribuidoras.

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Tolmasquim

Atualmente, parte do gás produzido nas plataformas de Campos, no estado do Rio, é queimada. Faltam dutos para levar o produto aos consumidores. A Petrobras, no entanto, diz que aproveita quase 90% do gás retirado.

Segundo a empresa de pesquisa energética do governo federal, com a entrada em operação de novos poços no Rio, em São Paulo e no Espírito Santo, a situação vai melhorar. Também estão sendo construídos novos dutos. Com isso, a promessa é de que a oferta de gás no Sudeste aumente quase 200%, o que deve acontecer somente no ano que vem.

- O gás que existe no Brasil não é suficiente para atender todo o mercado. A demanda cresceu 14% ao ano, desde 2001. Um crescimento bastante grande. Então, com os investimentos que serão feitos agora será possível atender a partir de 2008 - explicou o presidente da Empresa de Pesquisa Energética, Maurício Tolmasquim.

Conversão para gás

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As notícias dos últimos dias sobre o abastecimento de gás deixaram uma legião de brasileiros em alerta, principalmente aqueles que, em algum momento, investiram na adaptação do motor do carro e que, agora, temem o futuro.

Segundo matéria do Jornal Nacional, nas oficinas, a procura para conversão de carros a gás caiu.

- Para ter uma idéia, eu faço uma média de dez carros por dia de conversão. Hoje, eu estou com apenas três carros fazendo conversão - disse o dono de oficina, Fábio Souza.

O Rio de Janeiro foi o primeiro estado a incentivar o uso do gás natural em veículos com desconto no imposto e isso há quase dez anos. Atualmente, o abatimento do IPVA é de 75 %, o maior do país. Três vezes mais, por exemplo, do que em São Paulo. Por tudo isso, o Rio ficou com a maior frota de carros movidos a gás e é onde, também, o motorista está mais preocupado.

- Todo o investimento na tecnologia para o aproveitamento do gás, mas daqui a pouco a gente não tem gás - reclamou um motorista.

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- Lembra da época do álcool? Disseram que todo mundo deveria ter carro a álcool e de repente sumiu. Espero que não seja a mesma coisa com o gás - destacou outro motorista.

- A gente, realmente, fica sem saber se vai faltar ou não, o que vai acontecer - disse outro motorista.

Na noite de quarta-feira, o presidente das distribuidoras de gás canalizado CEG e CEG Rio, Bruno Armbrust, afirmou que o abastecimento de gás natural no Rio de Janeiro tinha sido totalmente normalizado , depois de postos de gás natural veicular (GNV) e indústrias do Estado do Rio terem ficado cerca de 24 horas sem abastecimento.