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Crise árabe

Preço do petróleo é o mais alto em dois anos e meio

Bomba de combustível em Londres: a Europa é o continente mais afetado pela instabilidade no Norte da África | Bernadett Szabo / Reuters
Bomba de combustível em Londres: a Europa é o continente mais afetado pela instabilidade no Norte da África (Foto: Bernadett Szabo / Reuters)
Veja abaixo a variação no preço do barril de petróleo Brent |

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Veja abaixo a variação no preço do barril de petróleo Brent

O maior temor do mercado em relação à agitação política no Oriente Médio e no Norte da África começou a se concretizar ontem, quando as Forças Armadas da Líbia entraram em confronto com a população do próprio país. Egito e Tunísia provocavam ansiedade ? especialmente o primeiro, que controla o Canal de Suez, importante passagem de comércio ?, mas um prolongamento da crise na Líbia tem o potencial para, de fato, prejudicar a oferta da commodity no mundo.

Confira o vídeo com os comentários do editor-assistente de Economia, Fernando Jasper, sobre as consequências econômicas da revolta na Líbia

Com o mercado americano fechado devido ao feriado do President?s Day (Dia do Presi­dente), o maior termômetro de ontem foi o barril de petróleo Brent, de referência na Europa e na Ásia, que atingiu a maior cotação desde o estouro da crise financeira mundial, em setembro de 2008. No momento mais elevado do dia, o barril chegou a US$ 108, mas fechou em US$ 105,74, com alta de 3,1%. A reabertura das bolsas americanas hoje deve ?precificar? com maior nitidez a instabilidade política no mundo árabe.

A Líbia é o oitavo maior produtor da Opep, o cartel dos países produtores de petróleo, e o 12.º maior exportador do produto no mundo. Embora tenha peso relativamente pequeno na oferta diária da commodity ? dos 88,5 bilhões de barris produzidos diariamente, ela é responsável por 1,6 milhões de barris, ou 1,8% ?, seu petróleo é de boa qualidade. O país também é o principal exportador individual para a Europa.

Preço estável

Enquanto em boa parte do mundo o preço do combustível varia de acordo com o mercado (a oferta e a demanda do petróleo), no Brasil o valor da gasolina e do diesel é controlado pela Petrobras. Para economistas, os efeitos no bolso do consumidor só poderão ser sentidos no médio e no longo prazo, dependendo da duração dos conflitos, se eles vão chegar a outros países e da reação do mercado ? se o preço dos derivados vai continuar a subir. Tradicio­nalmente, a política da Petrobras é de não tomar decisões em cima de ?oscilações de curto prazo?.

No caso de alta muito forte no barril ? especialistas citam a barreira dos US$ 120 ?, a estatal pode ser forçada a fazer um reajuste. ?Caso o conflito demore muito para se resolver e o preço do petróleo aqui fique muito defasado em relação ao exterior, a empresa pode elevar os preços por causa do impacto na balança de pagamentos?, diz Homero Guizzo, economista da consultoria LCA.

Além de ser uma medida impopular, o governo também não tem interesse em elevar o preço do diesel e da gasolina porque o Brasil vive um momento de inflação em alta ? o aumento do combustível só ajudaria a piorar esse cenário. ?O preço alto do petróleo é ruim para todo mundo. Prejudica o crescimento da economia, gera inflação e pressiona os preços das commodities. O petróleo é a principal commodity. Se ele sobe, as outras também?, diz Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infra­estrutura (CBIE).

Quem pode se beneficiar da alta são os investidores com papéis da Petrobras. A tendência é que as ações da empresa, assim como das demais petroleiras, se valorizem em caso de recuo na oferta do óleo ? e consequente alta dos preços. ?Se Petrobras perde de um lado com o preço mais alto para importação, ela ganha de outro com a própria valorização do petróleo. Pode ficar mais atraente para investimentos?, afirma José Augusto Gaspar Ruas, especialista em petróleo pela Unicamp e professor da Facamp.

Otimismo

Um motivo de tranquilidade para o mercado é que tanto os velhos como os novos governos têm interesse em manter o fornecimento de petróleo estável. No caso de queda do regime do ditador Muamar Kadafi, é pouco provável que um novo governo vá sabotar a venda de óleo, principal fonte de receita do país, sem irritar a população. A indefinição, neste caso, é o maior problema.

Ontem, grandes petroleiras que atuam na Líbia indicaram que a produção de petróleo no país pode recuar drasticamente. A subsidiária da alemã Basf, a Wintershall, foi a única que confirmou a paralisação completa da produção enquanto a situação não se normalizar. A britânica BP suspendeu o processo de exploração que vinha realizando, enquanto a norueguesa Statoil e a anglo-holandesa Shell retiraram os funcionários estrangeiros e suas famílias do país.

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