Se os preços altos no supermercado indicam que a inflação está querendo voltar, não culpem o tomate. É o que defende o agricultor Lindomar David, de 33 anos, produtor rural em Ribeirão Branco, no sudoeste paulista, considerada a "capital do tomate" - o município responde sozinho por 20% da produção do Estado. Embora a leguminosa, que no ano passado não custava mais que R$ 3,00 o quilo, já esteja valendo até R$ 12 nos supermercados de São Paulo, ele acha que o preço é justo. "Ano passado vendi tomate a R$ 5 a caixa de 25 quilos para não ter que jogar fora e ninguém tomou minhas dores. Agora, é a nossa vez", disse.
Segundo o técnico agrícola Cléberson de Siqueira Gomes, da Secretaria Municipal de Agricultura, o tomate está caro porque as safras de outras regiões que abastecem São Paulo, principalmente a de Goiás e, em menor escala, do Paraná e Santa Catarina, tiveram grandes perdas em razão das chuvas. "Fora de São Paulo, muito tomate estragou no pé. Aqui, tivemos sorte, pois as chuvas foram mansas."
Os 600 produtores locais vão colher 3,3 milhões de caixas, mesma produção do ano passado. A diferença é o preço: enquanto em 2012 teve produtor jogando tomate no lixo, este ano até o fruto pequeno ou manchado passou a ter valor comercial. Lindomar cultiva 15 mil pés e está na metade da colheita. A produção de quatro plantas, suficiente para encher uma caixa, valia ontem (4) R$ 100 na lavoura. Ele já sabe o que vai fazer com o dinheiro da super safra: "Investir na plantação, melhorar o sistema de irrigação, comprar um trator." Lindomar está há 15 anos na atividade e não se lembra de outra safra tão boa. O irmão dele, Leomar, começou a plantar há dois anos e já se deu bem. "O tomate escolhido chega a R$ 120 a caixa", disse.
O dinheiro do legume irriga a economia da cidade de 18.272 habitantes. "Você passa no comércio, vê o lojista feliz como faz tempo não via. Agora, se você vir alguém rindo sozinho, pode saber que é tomateiro", brinca Gomes.