Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Casa própria

Preço dos imóveis sobe em ritmo maior que a renda

Mesmo após o aumento da oferta de imóveis os preços continuaram a subir acima da renda e romperam a faixa de R$ 5 mil por metro quadrado | Brunno Covello/ Gazeta do Povo
Mesmo após o aumento da oferta de imóveis os preços continuaram a subir acima da renda e romperam a faixa de R$ 5 mil por metro quadrado (Foto: Brunno Covello/ Gazeta do Povo)

Os preços dos imóveis novos em Curitiba subiram 110% em seis anos. O metro quadrado privativo de um imóvel novo na capital custava R$ 2,49 mil no fim de 2007. Em março deste ano, ele estava em R$ 5,2 mil. Apesar dos ganhos reais (acima da inflação) nos últimos anos, os salários não conseguiram acompanhar a alta do mercado imobiliário.

O salário médio do morador da capital paranaense avançou 66,4% no mesmo período. Passou de R$ 1,2 mil para R$ 1.997. Hoje o curitibano precisa trabalhar quase três meses para comprar um único metro quadrado de um apartamento novo em Curitiba.

A diferença é ainda maior quando se compara o valor dos imóveis com o custo de vida da população. No período, a inflação medida pelo IPC (para quem ganha mensalmente de um a 40 salários mínimos) avançou 45,82% na região metropolitana de Curitiba.

Os preços dos imóveis dispararam principalmente entre 2009 e 2011, período que coincidiu com um boom de lançamentos imobiliários, acesso fácil a crédito e demanda em alta.

Segundo o economista Luciano D´Agostini, doutor em Economia pela UFPR que fez os cruzamentos dos indicadores a pedido da Gazeta do Povo, esse cenário se consolidou com a combinação de expansão do crédito principalmente para baixa e média renda, queda na taxa de juros, aumento da renda e a relativa estabilidade da inflação.

Mesmo depois do chamado boom imobiliário e o aumento da oferta de imóveis os preços continuaram a subir bem acima da renda e romperam a barreira de R$ 5 mil em Curitiba. A diferença com os salários, porém, diminuiu. Entre o fim de 2011 e março deste ano, a renda cresceu 9,8%. Os preços dos imóveis, 13%.

Para o presidente da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário no Paraná (Ademi-PR), Gustavo Selig, a alta dos preços dos imóveis ocorreu primeiramente porque o mercado de Curitiba estava defasado, com preços abaixo da média nacional. "Houve uma recuperação de preços. Depois disso, houve pressão de custos de materiais, terrenos e de mão de obra", diz. Segundo ele, os gastos com mão de obra, que representavam 30% dos custos de uma construção, hoje estão em 50%. "O mercado cresceu, as empresas melhoraram suas margens, mas esses ganhos não são fantásticos", diz.

A diferença entre a renda e os preços foi coberta principalmente pelo crédito abundante, impulsionado pela Caixa Econômica, que responde pela maior parte dos financiamentos imobiliários, e pela maior agressividade de alguns bancos privados nesse setor.

Para Fabio Tadeu Araújo, sócio da Brain Bureau de Inteligência, que faz o levantamento de preços para a Ademi-PR, o aumento do acesso ao crédito e a queda dos juros propiciaram que a parcela da casa própria coubesse no bolso das famílias, apesar da alta dos preços dos imóveis.

Com recorde de entregas e estoques elevados, o mercado, no entanto, passa agora a buscar um novo equilíbrio entre a oferta e a demanda e também de preços. Um exemplo disso é o número de alvarás para novas construções, que nos últimos 12 meses oscila entre 18 mil e 20 mil unidades, volume próximo da procura média por imóveis novos na cidade. No auge do boom imobiliário, esse número chegou a 36 mil, segundo Araújo.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.