Em Brasília - Grupo inicia hoje o trabalho
As reivindicações do agronegócio relacionadas à redução de custos e às dívidas devem ser assumidas por um grupo de trabalho criado na semana passada em Brasília. Deputados e representantes do Executivo estão coletando dados técnicos e têm uma série de reuniões marcadas para amanhã. "Começamos nosso trabalho com um levantamento de informações para saber a real situação da agricultura", afirma o deputado Abelardo Lupion (DEM-PR), que integra o grupo. O primeiro passo, adianta, será pedir a suspensão das cobranças judiciais das dívidas agrícolas. (JR)
Um estudo realizado pelo Sindicato e Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar) mostra que a agricultura pode enfrentar crise sem precedentes se os preços das principais commodities voltarem para a média histórica há uma forte tendência de que isso ocorra. O desequilíbrio surge por causa da valorização do real diante do dólar. Se os preços internacionais caírem, o valor recebido em real não será suficiente para pagar os custos agrícolas, mostra o documento. "Não se sabe quando a cotação dos produtos agrícolas vai voltar para a média verificada entre 2001 e 2007, mas isso vai ocorrer mais cedo ou mais tarde", avalia Flávio Turra, gerente técnico-econômico da Ocepar.
Por razões que vão da baixa nos estoques mundiais ao uso cada vez maior de grãos na produção de energia, em dólar a soja vale 18,5% a mais hoje do que na média dos últimos sete anos. A valorização do milho é ainda maior, 38,3%, diz o estudo, que soa como alarme para o setor. Esse quadro positivo disfarça a queda do dólar, que não chega perto dos R$ 3,00 desde 2004.
Se os preços se nivelarem e o dólar continuar na faixa de R$ 1,95, os prejuízos vão chegar a 14% para os produtores de soja, 44% para os de milho e 78% para os de trigo. O cálculo considera a redução das cotações agrícolas e dos custos em real. O "abismo" na relação gastos e arrecadação se abre porque a agricultura exporta valor dez vezes maior que o das importações de insumos e maquinários, segundo o diagnóstico.
Os representantes dos produtores tentam prevenir o pior cobrando redução de custos. Para isso, concentram esforços em cinco reivindicações. A briga é (1) pela redução dos juros de 8,75% para 4,5%; (2) queda mais rápida na taxa básica de juros, a Selic; (3) pela liberação das importações de agrotóxicos não registrados no Brasil mas legalizados nos demais países do Mercosul; (4) por isenção de tributos; e (5) mais investimentos em infra-estrutura.
Essas medidas não serão suficientes, avalia o assessor da Federação da Agricultura do Paraná (Faep), Carlos Augusto Albuquerque. Ele acredita que haverá queda nos preços internacionais dentro de um ano e que o governo terá de tomar alguma medida relacionada ao câmbio para evitar uma crise maior. "As indústrias de sapatos, tecidos e automóveis podem mudar de país quando a situação fica desfavorável, a agricultura não", argumenta.
Arrecadação em alta
A renda do agronegócio neste ano será boa, segundo a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), que prevê novo recorde nas exportações do setor: R$ 55 bilhões R$ 6 bilhões a mais que em 2006. O superávit na balança comercial deve chegar a US$ 47,5 bilhões, 12,3% maior que o do ano passado.
Para Turra, esses números não mudam a gravidade do quadro. Ele diz que a idéia é adotar medidas preventivas internas contra uma crise de grandes proporções. Em sua avaliação, apesar da importância da agricultura brasileira no cenário mundial, o mercado não oferece segurança aos produtores.
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