Rio (das agências) – A deflação continua, mas perdeu fôlego, de acordo com a primeira prévia do Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) de julho: -0,09% ante -0,30% no mesmo período de junho. Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), o resultado se deve à perda de força na queda dos preços no atacado, setor influenciado por aumentos em matérias-primas de bastante peso nas pesquisas, como soja (4,29%) milho (2,74%) e bovinos (0,41%).

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Para o coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros, o desenho do comportamento do indicador de inflação é "para cima com intensidade moderada", por causa da perda de força do processo deflacionário. O economista já comentara que processos de deflação prolongados normalmente são indicativos de recessão, o que não é o caso do Brasil. "O efeito do câmbio, que há meses tem puxado para baixo preços de insumos industriais, já está enfraquecendo" disse. "Além disso, estamos vendo um processo de aceleração nos preços das matérias-primas agropecuárias, que começam a apresentar quedas menos intensas."

Com esse cenário, o Índice de Preços por Atacado (IPA), que representa 60% do IGP-M, passou de -0,79% para -0,23% de junho para julho, influenciado pela queda menos intensa nos preços das matérias-primas brutas (de -2,09% para -0,17%). Na inflação do atacado, o técnico alertou para um detalhe importante: os preços dos alimentos processados passaram de queda de 2,27% para alta de 0,75%. "Isso, mais cedo ou mais tarde, vai impactar os preços no varejo", disse.

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O recuo de preços no varejo é praticamente generalizado. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que representa 30% do IGP-M, subiu apenas 0,02% na prévia de julho – o menor nível desde outubro de 2004. O destaque foi a intensificação da deflação nos preços dos alimentos (de -0,47% para -0,65%).

Já o Índice Nacional do Custo da Construção (INCC) passou de 2,10% para 0,58% de junho para julho. O IGP-M acumula elevações de 1,66% até a primeira prévia de julho. Nos últimos 12 meses, o indicador registra aumento de 5,64%.