Para quem está pensando em comprar um imóvel residencial em 2020, tanto para investimento como para moradia, uma dúvida é se este é o melhor momento ou se vale a pena esperar um pouco mais. A resposta de quem atua no setor é que, apesar das incertezas na economia mundial e, por consequência, brasileira, a tendência é de que os preços das moradias subam durante o ano.
Depois de três anos seguidos de queda, os preços dos imóveis residenciais sinalizaram uma inversão nos últimos meses. Pesquisa FipeZap divulgada na quarta-feira (04) mostra que os imóveis ficaram 0,15% mais caros em fevereiro. O aumento ficou acima da inflação projetada pelo Banco Central (BC) para o mês (+0,12%). O levantamento foi feito em 16 capitais. Florianópolis (+0,74%), Maceió (+0,61%) e Brasília (+0,57%) tiveram as maiores altas, enquanto que Recife (-0,32%) e Fortaleza (-0,08%) registraram as maiores baixas.
Apesar dessa reação tímida, os agentes do setor dizem que os imóveis estão baratos. Isso porque, ao fim do primeiro bimestre, o Índice FipeZap acumulou alta nominal de 0,31%, face a uma inflação de 0,33% estimada para o período, segundo o IPCA (IBGE). Descontada a inflação, o preço médio de venda dos imóveis residenciais se manteve praticamente estável em termos reais no período (-0,02%).
“Analisando a evolução dos preços é possível identificar uma tendência geral. E o que observamos é que em 2020 deve haver uma pequena recuperação, mais ainda deverá ficar abaixo da inflação. Essa projeção se deve à redução das taxas de juros e à expectativa de melhora da economia”, diz Bruno Oliva, economista e pesquisador da Fipe.
Outra referência que leva às estimativas de recuperação, segundo Oliva, é o mercado de locação, que vem registrando altas seguidas. “A tendência de preços aparece antes no mercado de locação e depois passa para o mercado de venda. Em geral o preço de locação serve de indicador antecedente do preço de venda. Como os preços dos alugueis vêm subindo, a previsão é que o setor de venda também registrará uma retomada de preços”, explica.
A expectativa de elevação branda dos preços também leva em conta outros dados registrados pelo setor. Levantamento divulgado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) na segunda-feira (4) mostra que as vendas de imóveis residenciais no país em 2019 aumentaram 9,7% em relação a 2018 – melhor resultado anual dos últimos quatro anos
“No ano de 2019, em relação a 2018, o setor cresceu em lançamentos 15%, em vendas 10% e o estoque subiu em torno de 4,8%”, destacou o presidente da CBIC, José Carlos Martins. Foram analisados os dados de 90 municípios brasileiros, sendo 17 das maiores cidades, como São Paulo, Belém e Porto Alegre, e 73 outros municípios incluídos em 10 regiões metropolitanas de capitais.
Com a melhora nas vendas, houve redução na oferta de unidades residenciais disponíveis. No fim de 2019, esses 90 municípios tinham cerca de 30,5 mil moradias a menos para venda na comparação com dezembro de 2016. Também houve redução do número de distratos, que é a rescisão de contrato por quem comprou imóvel. E há ainda uma aposta na ampliação do financiamento imobiliário, considerando a queda nas taxas de juros.
Além política adotada por alguns bancos privados com oferta de novas opções de crédito imobiliário, a expectativa é que medidas da Caixa devem causar impacto positivo. No último dia 20 de fevereiro, a instituição financeira federal anunciou nova linha de crédito habitacional com taxa fixa. As contratações podem ser feitas com juros de 8% a 9,75% ao ano, dependendo do tempo de financiamento e do relacionamento do cliente com o banco.
O advogado especialista em Direito Imobiliário Alberto Mattos de Souza concorda que o momento ainda é bom para comprar um imóvel, mas alerta. “Investir em imóvel é sempre uma boa alternativa, desde que a pessoa tenha uma carteira diversificada. Imóvel é muito importante para compor uma cesta equilibrada de investimentos. Para quem quer comprar como investimento, tem que estar ciente das flutuações, isto é, uma hora o aluguel vai subir e em outro momento vai cair. E não deve usar dinheiro que vai precisar de uma hora para outra”, observa.
Na avaliação de Mattos de Souza, a chance de obter uma rentabilidade boa comparada ao CDI é grande. Isso porque os preços dos imóveis caíram muito e houve redução na taxa de juros para quem investe no mercado financeiro.
“A tendência de alta nos preços vale também para quem está planejando adquirir a casa própria, mas nesse caso existem outras variáveis. Na compra da moradia, nem tudo é matemática financeira, é diferente de quem compra para investimento. Depende do plano de cada um a médio e longo prazo, se a pessoa vai casar, se vai mudar de cidade, se está pagando aluguel, da localização que pretende morar e muitas outras”, exemplifica.
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