Atualizado em 27/07/2006 às 18h46

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A crise da Varig espalhou uma onda de prejuízos não só para os passageiros da companhia, mas para todo mundo que tinha planejado viagens aéreas. Com o cancelamento de vôos a concorrência ficou sobrecarregada. O resultado? Uma viagem para Lisboa, por exemplo, sai por cerca de R$ 7 mil, quase o triplo do preço normal.

Os passageiros que estão no exterior ainda enfrentam dificuldades para voltar para casa, embora a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informe que o número de reclamações contra a empresa esteja diminuindo.

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O agente de viagens Gilber Cruz e mais nove amigos tinham reservas para cinco dias de tango, boa mesa e clima europeu em Buenos Aires.

- Eram US$ 550 com a Varig e no momento em que o vôo foi cancelado, nós buscamos um novo fornecedor, essa tarifa subiu para US$ 1 mil - conta Cruz.

Com o aumento do preço, a saída foi pelo Nordeste. Em vez da vida noturna portenha, o sol das praias cearenses.

- Foi meio decepcionante, mas a gente tem que aceitar. Vamos deixar para outra oportunidade, quando melhorar isso aí - diz o corretor Luiz Sombra que também integra o grupo.

Depois de afirmar que a Varig estava cumprindo à risca as rotas programadas, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou a empresa está "fazendo os ajustes necessários" para cumprir os trechos com os quais se comprometeu.

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Apesar de os principais aeroportos do Rio e de São Paulo mostrarem cancelamentos de vôos em seus painéis, o órgão regulador divulgou uma nota em que falava de apenas um vôo cancelado, a partir de Buenos Aires, em função do redirecionamento de uma aeronave para um vôo de reforço em Lima, no Peru.

Na terça-feira, a companhia garantiu que manteria os vôos para os seguintes destinos: Porto Alegre, Salvador, Recife, Manaus, Frankfurt, Buenos Aires e Fortaleza, além da ponte-aérea. Mas em São Paulo, por exemplo, entre as dezenas de cancelamentos pela manhã estavam vôos para Fortaleza e Buenos Aires ( saiba mais) .

A Anac também divulgou um boletim informando que funcionários dos aeroportos de Guarulhos (SP), Congonhas (SP), Curitiba (PA) e Porto Alegre (RS) cruzaram os braços para protestar contra atrasos salariais. Eles voltaram a trabalhar no início da noite, mas ameaçaram com novas paralisações em 48 horas caso não sejam atendidos.

- Meu pai está me dando dinheiro para eu conseguir vir - contava uma estagiária.

- Estou há um mês sem salário. Sei que vai ter demissão, então estou vindo, mas tenho colegas que estão faltando - contou uma funcionária do aeroporto internacional do Rio, cidade que não chegou a aderir às paralisações.A Nova Varig deverá fazer um novo aporte na companhia nesta quinta-feira para tentar quitar ao menos parte dos salários atrasados.

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A Nova Varig tem 30 dias para refazer sua malha de vôos, segundo prazo previsto no processo de recuperação judicial da empresa, disse a Anac.

Enquanto isso, os passageiros continuam passando por problemas, mas apenas três reclamações formais foram registradas nesta quarta-feira nas Seções de Aviação Civil da Anac.

O Procon de Guarulhos chegou a notificar a Varig para que preste esclarecimentos sobre vôos cancelados e libere uma lista com passageiros que deixaram de embarcar por falta de vôos congêneres.

Na terça-feira, a Fundação Procon de São Paulo já havia dito que a empresa poderia ser multada com quantias entre R$ 212,82 e R$ 3.192.300 por causa dos atrasos e cancelamento de vôos. A empresa, segundo fiscais do órgão, estaria infringindo o artigo 48 do Código de Defesa do Consumidor, que trata do descumprimento de contratos.

Os maiores problemas são enfrentados nos vôos que vêm do exterior e fazem escala em São Paulo. Uma peruana que voltava ao seu país natal vinda da África do Sul reclama estar há uma semana na capital paulista à espera de um vôo, tendo que arcar com despesas com hotel e alimentação.

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Nesta quarta-feira, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) chegou a suspender as negociações com as ações da companhia, alegando que ela não havia esclarecido sua situação atual após o leilão ocorrido na última quinta-feira. Mas no final da tarde, a autarquia voltou a liberar as transações com os papéis da companhia.

A empresa afirmou que está renegociando linhas de crédito para a recomposição de sua frota.

O prazo de 30 dias, durante o qual todos os vôos terão que ser normalizados, está valendo desde a última segunda-feira, quando foram depositados os US$ 75 milhões exigidos no processo de compra da companhia.