Os preços do café devem permanecer altos, com os melhores tratos culturais e a intensificação do uso de fertilizantes não sendo suficientes para suprir a crescente demanda.
Os preços do café arábica atingiram máxima em 34 anos em maio incentivando investimentos na cultura. Mas como as novas árvores de café levam três anos para produzir uma safra, a produção não acompanha o ritmo da demanda.
"No longo prazo, o café ainda vai ser um mercado altista. A demanda vai ultrapassar a oferta no longo prazo", disse Nick Gentile, diretor de trading de commodity do fundo Atlantic Capital Advisors, na cidade de Jersey, na Nova Jersey.
A Organização Internacional do Café (OIC) estima um aumento do consumo global de café de 2,4 por cento, para um recorde de 134 milhões de sacas de 60 kg em 2010, enquanto a produção mundial em 2010/11 é prevista em 133 milhões de sacas de 60 kg.
Para aumentar a produção de café global leva tempo, disse a OIC.
"Quando você investe hoje, leva um tempo de três anos no mínimo para ter um retorno do investimento", disse o economista-chefe da OIC, Denis Seudieu.
"Baseado nessa hipótese, os preços relativamente altos vão precisar ser mantidos por mais dois anos, pois a resposta da oferta leva tempo."
No curto prazo, os produtores promoverão um aumento da aplicação de fertilizantes e melhorarão os tratos culturais, para maximizar a produção.
"Os altos preços do café são, sem dúvida, um incentivo à renovação, e para tornar o plantio mais produtivo", disse Luis Genaro Munoz, presidente da federação dos cafeicultores da Colômbia, acrescentando que as vendas de fertilizantes continuam a subir.
Uma produção abaixo da média histórica na Colômbia, o maior produtor de grãos arábica lavados de alta qualidade, impulsionou o aumento dos preços.
No passado, o país produziu cerca de 11 milhões de sacas de 60 kg por ano, mas a produção caiu em 2009, quando teve a menor colheita em mais de 30 anos, devido ao mal tempo e ao programa de renovação dos cafezais.
A federação nacional do café da Colômbia prevê que a produção em 2011 se mantenha abaixo da média, entre 9,5 milhões e 10 milhões de sacas de 60 kg.
Estoques
A Organização Internacional do Café estimou os estoques de café em países produtores no início do ano safra 2010/11 no menor nível desde que os registros começaram a ser feitos.
O Brasil, maior produtor de café do mundo, deve ver um aumento da produtividade, devido à aplicação de fertilizantes e melhores tratos culturais, disseram analistas.
Exportadores de café estimam que o Brasil, que tem um ciclo bianual de safra, vá colher cerca de 45 milhões de sacas de 60 kg na próxima colheita, a maior já registrada em um ano de baixa.
Porém, ela pode não ser suficiente para ajudar a reconstruir os estoques, em meio ao crescente consumo.
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