Com 7,38%, o grupo alimentos e bebidas teve alta acumulada entre maio de 2013 e abril deste ano acima da média do IPCA| Foto: Albari Rosa/ Gazeta do Povo

0,78% foi a taxa do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) em abril, segundo o IBGE. O indicador subiu mais que o IPCA, mas desacelerou em relação a março (0,82%). O INPC usa a mesma metodologia do IPCA, mas investiga a inflação para família de renda entre 1 e 5 salários mínimos. Já o índice oficial do país pesquisa a faixa ampla de um a 40 salários. O grupo alimentação tem um peso maior no INPC, pois esse tipo de despesa é mais relevante para as famílias de menor renda.

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Opinião

Inflação vai continuar incômoda

Guido Orgis, editor executivo de Economia

O refresco dado pela inflação em abril foi pouco para evitar que ela ultrapasse o ritmo de 6,5% ao ano entre junho e julho. A torcida do Banco Central é para que o clima ajude a segurar os preços dos alimentos que ainda sobem bem, principalmente nos supermercados (quem faz compras sabe o que significou a inflação da comida de 1,52% em abril).

É provável que o ritmo menor da inflação sirva como mais um motivo para o BC dar um tempo na elevação dos juros – até porque a projeção é de preços se comportando melhor no segundo semestre. O nó da inflação não está em 2014. Para o ano que vem há uma série de problemas represados no setor de energia (combustíveis e eletricidade) que terão um impacto grande o suficiente para ter gente prevendo inflação de 7,5%.

Com algum escalonamento nesses reajustes e colaboração do governo (que deve cortar gastos em 2015), não chegaremos a tal ponto. Mas inflação na meta mesmo só depois de 2016.

Após a alta expressiva de 0,92% em março, a maior desde 2003, a inflação oficial do país arrefeceu e encerrou abril com alta de 0,67%, segundo os mais novos dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) divulgados ontem pelo IBGE. O recuo se deu em razão da menor pressão dos preços dos alimentos, que subiram 1,19%, menos do que os 1,92% de março, mas ainda um ritmo forte. No quadrimestre, o IPCA fechou com alta de 2,86%.

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INFOGRÁFICO: Veja como está a inflação

Mas se de março para abril a inflação perdeu fôlego, o mesmo não ocorreu no acumulado em 12 meses, que só sobe desde janeiro e encostou no teto da meta do governo. Até abril, a taxa ficou em 6,28% (era de 6,15% até março), próxima dos 6,5% estabelecidos como o topo e no maior nível desde junho de 2013.

Muitos grupos de grande peso no consumo das famílias já sobem acima da inflação média em 12 meses encerrados em abril. É o caso de alimentos (7,38%), habitação (7,62%), artigos de residência (6,83%), saúde e cuidados pessoais (6,62%), despesas pessoais (8,67%) e educação (8,65%). Esses três últimos agrupamentos estão entre os que concentram a maior parte dos serviços, que avançaram também acima da inflação, com taxa de 8,99%.

Apenas três grupos avançam em ritmo inferior à média: vestuário (4,75%), transportes (3,62%) e comunicação (0,59%). Entre esses, a principal "âncora" consiste nas despesas com transportes, que em abril também ajudaram a conter o IPCA graças à redução dos preços de passagens aéreas (1,87%) e aos reajustes menores de etanol (0,59%), gasolina (0,43%) e ônibus urbanos (0,24%). O grupo, que só tem peso menor do que alimentos, teve alta de 0,32% em abril.

Outro foco de pressão veio da energia elétrica, cuja tarifa subiu, em média, 1,62% em abril e pressionou o grupo habitação (0,87%). O que mais preocupa, porém, é a evolução ao longo do ano e como será feito o repasse da despesa extra com o uso intensivo das usinas termelétricas em razão da seca deste ano.

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Passada a fase mais crítica da estiagem, dizem analistas, os preços dos alimentos tendem a perder força nos próximos meses, o que já se vê com mais intensidade no atacado. Ainda assim, os sinais são preocupantes. "Ainda que se espere arrefecimento substancial em alimentação, os números apontam uma perspectiva ainda bastante desconfortável para a inflação, haja vista a aceleração da taxa em 12 meses", opina a consultoria Rosenberg & Associados, em relatório.

Mantega

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que a inflação "está caindo" e que não acredita que o IPCA vá estourar o teto da meta. A avaliação foi feita em participação no Jornal Hoje, da Rede Globo.

Poder de compra

Curitiba e região tem o terceiro maior IPCA do país em abril

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Amanda Audi

Superando a média nacional pelo segundo mês consecutivo, o IPCA de Curitiba e região metropolitana fechou abril com alta de 0,88%. O índice foi o terceiro maior registrado no país, atrás apenas de Porto Alegre e Fortaleza, ambos com crescimento inflacionário de 1,08% no período. A inflação registrada em Curitiba no mês passado foi inferior a de março, que ficou em 1%.

Assim como no mês anterior, o aumento nas despesas com alimentação e bebidas foi o que mais contribuiu para a elevação da inflação da capital paranaense em abril.

A elevação do indicador, que também puxou a inflação nacional, agrava ainda mais a crise no setor de bares e restaurantes, que prevê queda de até 15% no faturamento anual dos estabelecimentos com a alta na tributação da cerveja e de outras bebidas frias, anunciada pela Receita Federal no fim abril.

No acumulado do ano, a inflação em Curitiba chega a 3,06%. Neste período, o grande vilão é o setor de educação, com alta de 7,11%, seguido de alimentação e bebidas, que registra, desde janeiro, aumento de 6,19%. No acumulado dos últimos 12 meses, o IPCA da capital paranaense somou 6,63%.

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