Rio (Folhapress) O IGP-M (Índice Geral de Preços ao Mercado) registrou deflação de 0,53% em setembro. Trata-se da quinta taxa negativa seguida apurada pelo índice. A queda dos preços, no entanto, foi menos intensa do que a do mês anterior, quando o índice havia apurado deflação de 0,65%. Já a queda acumulada da inflação nos últimos cinco meses chega a 2,17%. Esse recuo não se traduziu, porém, numa queda generalizada de preços, nem mesmo entre os produtos vinculados ao dólar fator que propiciou o início do ciclo de queda de preços.
Levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostra que produtos como bens de investimentos, medicamentos, artigos de higiene e limpeza, que têm seus preços vinculados ao dólar, permaneceram ao largo do movimento geral de recuo de preços. Os dados são referentes aos preços no atacado.
Segundo o coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros, o ciclo de deflação foi motivado por dois fatores: câmbio e produtos agropecuários. "O câmbio tem forte efeito sobre os preços industriais. A economia se desaqueceu nesse período com a taxa de juros mais elevada, embora não tenha havido recessão. Os primeiros três meses de queda de preços foram justificados pelo câmbio, mas em seguida tivemos deflação agropecuária", disse.
Quadros destaca que outros fatores podem interferir na definição dos preços. "Os medicamentos passaram a ter seus preços praticamente tabelados", disse. Neste caso, a influência do dólar é indireta. De maio a setembro, os medicamentos acumulam alta de 2,75% e no ano, de 6,49%.
Os bens de investimento, como máquinas e equipamentos, também permaneceram em alta. A taxa acumulada durante o ciclo de deflação foi de 2,09% e no ano, de 5,32%. "Entre os bens de capital pode até ter havido desaceleração, mas itens como caminhões registraram alta de 2,37% de maio a setembro e de 6,15% no ano", mencionou Quadros.
Os remédios foram reajustados em três faixas, cujos índices máximos permitidos são de 5,89%, 6,64% e 7,39%, dependendo da categoria em que o produto estiver enquadrado.
Os artigos de higiene subiram 0,33% de maio a setembro e os de limpeza, 0,40%. No mesmo período o preço do detergente, por exemplo, subiu 1,7% e no ano acumula alta de 8,26%. Estes produtos têm insumos vinculados diretamente ao dólar, mas a queda de preços não teve fôlego para chegar ao produto final.
A indústria de veículos também permaneceu à parte do movimento de queda de preços. Neste caso, a influência do dólar é indireta, mas havia justificativa para a queda de preços por conta dos produtos siderúrgicos, que apresentaram recuo acentuado por conta da formação de estoques no setor. Os automóveis acumularam alta de 4,75% e os tratores agrícolas registraram alta de 7,62% de maio a setembro. Os amortecedores registraram alta de 4,26%.
Quedas acentuadas
O efeito do câmbio foi mais visível entre os insumos industriais. Produtos como materiais para manufatura, que incluem ferro e aço, caíram 6,54% de maio a agosto. No mesmo período, o alumínio ficou 2,69% mais barato, a borracha sintética ficou 15,71% mais em conta, as chapas galvanizadas tiveram queda de 20,87% e o PVC ficou 19,76% mais barato.
Produtos acabados também foram influenciados pelo comportamento do câmbio. As televisões em cores tiveram queda de 9,36% e os microcomputadores chegaram a acumular queda de 24,25%. As matérias-primas agropecuárias mostraram desaceleração, mas têm seu comportamento afetado também por características específicas de cada setor.
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