Para Tsipras, “mandato político exaustou seus limites”.| Foto: ALKIS KONSTANTINIDIS/REUTERS

O primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, apresentou nesta quinta-feira (20) sua renúncia e a de sua equipe de governo ao presidente do país e convocou eleições antecipadas.

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Em discurso em rede nacional de TV, o premiê afirmou também que cabe aos gregos julgarem se ele os representou adequadamente na batalha com credores estrangeiros sobre demandas de austeridade. “O mandato político das eleições de 25 de janeiro exaustou seus limites e agora o povo grego deve ter sua voz ouvida”, disse Tsipras.

O anúncio abre caminho para eleições antecipadas, que devem acontecer em 20 setembro, segundo informações da agência de notícias Reuters.

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O primeiro-ministro grego enfrenta dificuldades com o governo. Na semana passada, Alexis Tsipras enfrentou sua pior rebelião de legisladores esquerdistas durante a aprovação pelo Parlamento do novo programa de resgate financeiro, sendo forçado a considerar ser submetido a um voto de confiança.

Com a ala esquerda do Syriza dando poucos sinais de voltar a se alinhar com o partido, o ministro da Energia, Panos Skourletis, já havia levantado a possibilidade de eleições antecipadas caso o premiê Alexis Tsipras perca o voto de confiança.

Resgate

A antecipação eleitoral tem sido discutida na Grécia desde a aprovação do terceiro resgate no parlamento. O parlamento grego aprovou na semana passada a lei sobre o terceiro resgate estipulado com as instituições credoras durante uma longa sessão em que se tornaram evidentes mais uma vez as dissidências no governante Syriza.

A aprovação do resgate contou com 222 votos favoráveis, 64 contra, 11 abstenções e três ausências em uma câmara com 300 deputados.

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O número de parlamentares do Syriza que negou seu respaldo ao resgate aumentou em relação à última votação sobre as medidas requeridas pelo resgate e até 43 deles deram as costas ao acordo.

Manobra?

Uma eleição antecipada pode permitir que Alexis Tsipras capitalizasse sobre sua popularidade junto a eleitores antes que as partes mais severas do programa de austeridade – incluindo mais cortes em pensões e mais aumentos de impostos – comecem a incomodar.

Isso poderia permitir que ele volte ao poder em uma posição mais forte, sem que rebeldes internos do Syriza, contrários ao resgate, o atrapalhem.

Jeroen Dijsselbloem, que preside as reuniões dos ministros das Finanças da zona do euro, disse esperar que a renúncia não atrase ou atrapalhe a implementação do pacote de resgate.

Isso também reduziu a base da coalizão do governo para abaixo de 120 dos 300 votos disponíveis, mínimo necessário para obter maioria e sobreviver a um voto de confiança caso ocorram abstenções.

Divisões

A votação do novo resgate foi apenas o mais recente em uma série de eventos que aprofundaram as divisões internas do Syriza, partido que chegou ao poder este ano sob a promessa de encerrar de uma vez por todas as políticas de austeridade, antes de Tsipras ter aceitado o resgate financeiro sob a ameaça de expulsão da zona do euro.

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“Não me arrependo da decisão de me comprometer”, disse Tsipras ao defender o resgate por credores da zona do euro e FMI (Fundo Monetário Internacional), concedido em troca de aumento de impostos, corte de gastos e duras reformas econômicas. “Nós assumimos a responsabilidade de continuarmos vivos ao invés de escolher o suicídio”, acrescentou.

Em busca de apoio popular, Tsipras convocou em julho um plebiscito popular, perguntando à população se eles preferiam aceitar as condições dos credores ou não. Em um resultado surpreendente, o voto pelo “não” venceu, rejeitando a proposta de socorro financeiro dos credores internacionais.