O primeiro-ministro da Holanda, Mark Rutte, anunciou nesta segunda-feira (23) que apresentou a renúncia de seu gabinete à rainha Beatriz, em meio a uma crise sobre cortes no orçamento, o que criou um vácuo político em um país que apoiou firmemente um tratado fiscal da UE e repreendeu a Grécia para colocar suas finanças em ordem. Rutte disse que havia oferecido a renúncia de sua coalizão minoritária, após uma briga com o populista Partido da Liberdade, que havia apoiado seu governo nos últimos 18 meses, abrindo caminho para eleições possivelmente já em junho. A confusão na nação considerada tradicionalmente um dos membros mais estáveis e prósperos da zona do euro abalou os mercados financeiros, já preocupados depois que o candidato socialista favorito à Presidência da França se comprometeu a renegociar o acordo para garantir a estabilidade fiscal se ele ganhar a eleição no próximo mês. Os mercados têm punido a Espanha por meio da forte elevação dos custos de empréstimos após Madri ter relaxado suas metas para cortar o déficit orçamentário. Analistas disseram que a Holanda pode evitar esse destino, mas apenas se as partes dentro e fora da coalizão de centro-direita puderem de alguma forma chegar a um acordo sobre os cortes no Orçamento. Qualquer coisa abaixo disso pode ameaçar a classificação de crédito AAA do governo holandês. Rutte disse que a Rainha estava considerando a renúncia e pediu que o gabinete continue trabalhando pelo bem do país. No entanto, ministros do governo abertamente especularam que novas eleições seriam necessárias para quebrar o impasse. O ministro das Finanças, Jan Kees de Jager, que adotou uma postura severa com "pecadores do orçamento" da zona do euro, como a Grécia, tentou tranquilizar os mercados de que o país não estava prestes a abandonar seu compromisso com a boa gestão. "A Holanda vai manter sua política fiscal sólida e também vai mostrar ao mercado que irá reduzir seu déficit e também seguirá por um caminho de finanças públicas sustentáveis", disse. De Jager, que no passado afirmou que a Grécia não deveria receber ajuda internacional a menos que colocasse a sua casa fiscal em ordem, rejeitou sugestões de que a paralisia política forçaria a Holanda ao mesmo destino das economias mais enfraquecidas da Europa. "Não há correlação alguma entre a Holanda e os países do sul da Europa. (Nossa) dívida soberana está na faixa de 65 por cento (da produção econômica total), o que é muito abaixo da média da zona do euro", disse De Jager à Reuters.
Grécia A Grécia, em comparação, tem como objetivo reduzir as suas dívidas para 120 por cento do Produto Interno Bruto até 2020, de 160 por cento. Mesmo assim, investidores venderam bônus holandeses e dos países periféricos da zona do euro, elevando os juros dos títulos emitidos pela Espanha acima de 6 por cento. O prêmio exigido por investidores para deter títulos holandeses em vez dos bônus alemães -- referência do mercado -- subiu para o maior nível em três anos. Dentro de uma semana, a Holanda deve informar a Bruxelas como vai reduzir seu déficit orçamentário no próximo ano para atender às regras da UE, e, em seguida, enfrentará meses de incerteza antes das eleições, com a possibilidade de vitória de um governo cético sobre o euro. A disputa orçamentária chegou ao ápice no fim de semana quando o Partido da Liberdade, anti-UE e liderado pelo populista Geert Wilders, recusou-se a concordar com a coligação de centro-direita de Rutte em como cortar de 14 a 16 bilhões de euros do orçamento. A crise na Holanda pode prejudicar a tentativa da chanceler alemã, Angela Merkel, de ratificar novas regras fiscais até o final deste ano, embora apenas 12 dos 17 membros da zona do euro tenham de ratificá-lo para que o pacto entre em vigor.
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