O primeiro-ministro italiano, Mario Monti, disse nesta sexta-feira (16), depois de conseguir a aprovação parlamentar de um duro pacote de austeridade, que não está "desesperado" a respeito das perspectivas de tirar o país do seu atual endividamento. Falando principalmente de improviso à Câmara dos Deputados, Monti disse também que espera que o pacote, num valor de 33 bilhões de euros, seja o "último sacrifício" imposto aos italianos. De acordo com a imprensa italiana, o antecessor de Monti, Silvio Berlusconi, teria dito que o premiê está "em desespero". Mas Monti, que chefia um gabinete tecnocrata instalado no mês passado, num esforço para assegurar aos mercados de que a Itália poderá administrar suas dívidas, dirigiu-se ao Parlamento após a aprovação de partes isoladas do pacote para dizer: "Eu absolutamente não estou em desespero". Segundo ele, muitas das reformas são estruturais e vão ajudar na futura estabilidade financeira, mas acrescentou que a Itália precisa de mais medidas para liberalizar a economia e reformar o mercado trabalhista. Momentos antes, suas abrangentes medidas, destinadas a salvar a terceira maior economia da zona do euro de um desastre financeiro, foi aprovada num voto de confiança por 495 a 88 votos. Em meados deste ano, o colapso na confiança dos investidores em relação à Itália causou a queda de Berlusconi, colocou o país no epicentro da crise do euro e levou seus custos de endividamento para níveis insustentáveis nos mercados de bônus. Horas após o voto de confiança, os problemas da Itália voltaram a ser salientados pela decisão da agência Fitch de colocar a Itália e cinco outros países da zona do euro sob perspectiva de redução de nota, citando a falta de uma "solução abrangente" para a crise. O plano de austeridade italiano, contestado pelos sindicatos e pelo partido Liga Norte, já estava em vigor desde a posse de Monti, em 4 de dezembro, mas precisava ser aprovado pelo plenário da Câmara num prazo de 60 dias. O Senado deve dar seu aval ao pacote na semana que vem, provavelmente também em um voto de confiança ao governo. A convocação do voto de confiança foi uma manobra de Monti para apressar a aprovação e evitar o debate a respeito de dezenas de emendas, a maioria de autoria da Liga Norte, que tentava obstruir a adoção das medidas. O pacote, elogiado por sócios europeus da Itália, prevê redução de gastos públicos, elevação de impostos e reformas previdenciárias, com a intenção de recuperar a confiança dos mercados e equilibrar o orçamento até 2013. Embora Monti, ex-comissário (ministro) da União Europeia, tenha sofrido uma ligeira redução na sua popularidade desde que formou o governo, há quase um mês, sua base parlamentar continua sólida, como mostrou a votação desta sexta-feira. Arquirrivais, os dois principais partidos italianos - o centro-direitista PDL e o centro-esquerdista PD - o apoiam.

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