O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, enfrentou sua pior rebelião de legisladores esquerdistas nesta sexta-feira (14), durante a aprovação pelo Parlamento do novo programa de resgate financeiro, sendo forçado a considerar ser submetido a um voto de confiança, o que pode abrir caminho para novas eleições.
Após os legisladores vararem a noite discutindo questões de procedimento, o Parlamento aprovou com folga o terceiro resgate financeiro de credores internacionais ao país nos últimos cinco anos, graças ao apoio de partidos de oposição favoráveis à permanência na zona do euro.
A aprovação favorece que os ministros das finanças da zona do euro aprovem, ainda nesta sexta-feira, o primeiro pacote de ajuda, de 85 bilhões de euros, embora ainda haja dúvida entre os alemães, principais credores, se a Grécia será capaz de cumprir suas promessas.
“Não me arrependo da decisão de me comprometer”, disse Tsipras ao defender o resgate por credores da zona do euro e Fundo Monetário Internacional (FMI), concedido em troca de aumento de impostos, corte de gastos e duras reformas econômicas.
“Nós assumimos a responsabilidade de continuarmos vivos ao invés de escolher o suicídio”, acrescentou.
Mas a votação provocou profunda revolta dentro do partido de Tsipras, o esquerdista Syriza, em relação às medidas de austeridade. Um terço dos deputados do partido, 43 parlamentares, votaram contra o acordo de resgate ou se abstiveram.
Isso também reduziu a base da coalizão do governo para abaixo de 120 dos 300 votos disponíveis, mínimo necessário para obter maioria e sobreviver a um voto de confiança caso ocorram abstenções.
Em reação, autoridades do governo disseram que Tsipras deve convocar um voto de confiança no Parlamento depois que a Grécia fizer o pagamento ao Banco Central Europeu (BCE) no dia 20 de agosto, um passo arriscado, que pode levar ao colapso do governo do premiê e provocar novas eleições.
A votação do novo resgate foi apenas o mais recente em uma série de eventos que aprofundaram as divisões internas do Syriza, partido que chegou ao poder este ano sob a promessa de encerrar de uma vez por todas as políticas de austeridade, antes de Tsipras ter aceitado o resgate financeiro sob a ameaça de expulsão da zona do euro.
Com a aprovação da lei, o foco se volta para a reunião, em Bruxelas, de ministros da zona do euro, que devem agora aprovar o acordo para que os recursos sejam desembolsados antes do prazo para Atenas pagar 3,2 bilhões de euros em dívidas junto BCE, em 20 de agosto.